Filho de pai futebolista sofreu a influência do meio em que vivia e despontou no futebol de nossas cidades como o grande atacante que infernizava a vida dos seus contendores.
João Antonio Farias Junior, conhecido por Farias ou Seco no meio esportivo das nossas cidades. Nascido em 10 de janeiro de 1946 na cidade de Curitiba-PR, despontou com goleador no esporte bretão aos 12 anos de idade, estreando na equipe do Catarinense, que mandava jogos no campo do Colégio São José em Porto União.
Simplesmente tocava o horror quando Farias adentrava a grande área com a bola dominada. Jogando como meia atacante ou ponta de lança, como queiram, sempre sofria marcação cerrada, pois tinha um faro de gol aguçado, se dessem mole ele guardava mesmo. Leve e lépido, driblava para os dois lados e jogando com a cabeça erguida antevia o lance antes de seus marcadores.
No final do ano de 1963, após testes na equipe do Marcílio Dias (Itajaí), onde não quis ficar, estreou no União E.C., e em 1964 foi campeão e seu goleador.
Em 1965 se transferiu para o Avahi onde foi campeão em 1967 e bicampeão em 1970/1971. Seu ciclo de campeão e artilheiro findou em 1972 jogando pelo Ferroviário E.C. quando da extinção da LERI (Liga Esportiva Regional Iguaçu).
Foi um grande artilheiro de nosso forte futebol amador, se consagrando principalmente nos anos 1964, 66, 67, 69, 71 e 72.
Após a extinção da LERI defendeu diversas equipes da região e foi também foi várias vezes campeão, principalmente pelo Clube Atlético de São Mateus do Sul.
Em nossas cidades defendeu as equipes do União, Avahi, Juventus e Ferroviário. Por várias vezes defendeu a seleção da LERI.
Também fez testes no Ferroviário da capital paranaense e só não ficou por saudades da namorada. Talvez a passagem que podia leva-lo a uma maior fama foi quando através de um conselheiro do Corinthians Paulista foi parar no Parque São Jorge. Entre os 140 meninos que estavam fazendo testes foi convidado a ficar, mas com saudades da família resolveu voltar.
Em 1973, ano do último título ganho pelo Ferroviário no campeonato da LERI, tive o prazer de jogar junto com o Seco (apelido do Farias) onde fomos campeões. O jogo decisivo foi em um dia chuvoso no Estádio da Lagoa Preta contra o São Bernardo. Vencemos por 1 a 0.
Existe uma quase unanimidade quando se pede para os desportistas da nossa terra escalarem a seleção de todos os tempos. Em cerca de 90% o Farias está presente.
Fatos hilários
Na década de 1960, na partida entre São Bernardo e Avahi no Estádio Enéas Muniz de Queiroz, o zagueirão Salmoura da equipe do São Bernardo, com dificuldades em marca-lo, mordeu a orelha do atacante Farias e os dois caíram dentro do túnel de acesso ao campo.
Em um treinamento coletivo quando jogava pelo Ferroviário E.C. o treinador Nico Parisi resolveu treinar os jogadores de ataque contra os da defesa e o zagueiro central Palaoro estava descendo o sarrafo nos atacantes. A certa altura do treinamento o Farias cansado de levar cacetada tirou as chuteiras e usando as mesmas como se fossem luvas de boxe partiu para cima do defensor. O zagueirão afinou e parou de chegar junto no treino.
Com o advento da Associação Atlética Iguaçu o atacante Farias foi convidado para treinar no time. Por ser famoso atacante da cidade, sentiu já no vestiário que não ia ter vida fácil, quando ouviu o zagueiro Nire falar: o pau vai cantar no “Salvador da Pátria” (certa ala de torcedores de nossas cidades exigiam o atacante no Iguaçu) e com isso Farias estava marcado pelo boleiros profissionais vindos de fora. De tanto levar paulada durante o treino, a certa altura, se enfureceu e com a bola dominada driblou toda a defesa e fez o gol. Correu até as tribunas no campo do Ferroviário, tirou as chuteiras e a camisa e jogou no Coronel, presidente iguaçuano que estava assistindo o treino, e foi embora.
Durante a noite quando fazia uma sauna no Clube Concórdia encontrou o Coronel que lhe inquiriu: O que você está fazendo aqui? Farias respondeu: estou aqui porque sou sócio e você é sócio? ânimos serenados a vida seguiu e o atacante não defendeu a Associação Atlética Iguaçu. E olha que ainda estávamos na época da ditadura militar.