Não contrariando a regra daqueles tempos idos, mais uma agremiação esportiva se originou dos conhecidos campinhos, terrenos baldios, onde a piazada praticava as famosas peladas. Aos poucos se organizando e sempre tendo um líder que se destacava pela iniciativa, muitas vezes arrojada, surgiria o Juventus Futebol Clube. Seu primeiro comandante, Armando Antonio Marcos Sarti, conhecido como Armando Sarti, que com a ajuda de vários familiares deu início ao tricolor que ficou conhecido como esquadrão “Pó de Arroz”, alcunhado que foi, por membros da imprensa esportiva de nossas cidades. Por seu primeiro presidente ser de origem italiana as cores escolhidas foram as da bandeira da Itália. O nome escolhido foi em homenagem ao seu time de coração, a Juventus de Turim.
Tendo seus primeiros uniformes patrocinados pelo treinador, a equipe juventina envergando as cores tricolores, fez sua primeira partida no campo do Ginásio São José, em 07 de setembro de 1942, jogando contra os atletas remanescentes do Botafogo, pois a maioria de seus jogadores tinha ido estudar na capital paranaense.
Aos poucos o esquadrão juventino foi ficando famoso e começou a receber convites para atuar contra equipes de maior expressão. Vendo que a equipe ia de vento em popa o seu presidente sentiu a necessidade de legalizar o Clube. Então, em 28 de fevereiro de 1949, praticamente seis anos após a sua fundação, foi realizada uma Assembléia Geral Ordinária para ser escolhida uma diretoria. A diretoria foi eleita por aclamação e em seguida foi empossada. Como não poderia deixar de ser, Armando Sarti e Léo Sarti foram eleitos presidente e vice-presidente, respectivamente. Como presidente de honra foi escolhido o famoso Frei Libório Lueg que além de torcedor também apitava jogos.
Juntamente com a regularização da equipe juventina também foi cogitada a formação de uma liga de futebol que possibilitasse elevar o nome de Porto União no cenário esportivo catarinense. Para que uma liga fosse reconhecida pela Federação Catarinense de Futebol necessitar-se-ia a realização de um torneio organizado pela nova liga. Diretores de vários clubes se reuniram para decidir sobre um torneio início que seria realizado no dia 06 de março de 1949, primeiro domingo do mês, no campo do Ginásio São José, tendo em vista que o Estádio Municipal de Porto União estava ainda em construção. Participaram e se enfrentaram na competição as seguintes equipes:
Juventus F.C 03 x 00 Atlético F.C.
Avahi F.C 02 x 01 São Bernardo F.C.
As equipes vencedoras Juventus e Avahi foram decidir o torneio e empataram em zero a zero. A decisão foi para a cobrança de penalidades máximas onde a equipe avahiana foi mais competente convertendo as cinco cobranças sagrando-se campeã. Esse foi o primeiro torneio organizado pela LDNC – Liga de Desportos Norte Catarinense.
Seu primeiro título em campeonato aconteceu em 15 de maio e 1949. Tendo perdido para o Clube Atlético chegou no último jogo contra o Avahi com dois pontos perdidos a mais. A equipe avahiana só tinha perdido um ponto na competição, resultante de um empate. A equipe juventina venceu e sagrou-se campeã.
Com o término da construção do Estádio Municipal de Porto União que recebeu o nome do então interventor do Estado de Santa Catarina “Mário Fernandes Guedes”, coube as equipes de aspirantes e titulares do Juventus F.C. e Ferroviário E.C., em 09 de outubro de 1949, se enfrentarem para inaugurar aquela esperada praça esportiva. Os aspirantes juventinos venceram por dois tentos a zero. Na categoria de titulares o time da Vila Famosa venceu o esquadrão Pó de Arroz por 04 a 03. Dizem que o quadro do Ferroviário venceu porque se utilizou de seis atletas profissionais vindos da capital paranaense.
Com o decorrer dos anos o Clube começou a contar com equipes femininas e masculinas de voleibol, basquetebol, corrida e ciclismo, mudando o nome para Juventus Esporte Clube.
Dentre os vários títulos ganhos pelo esquadrão tricolor talvez o mais importante seja o título de campeão do Centenário de Emancipação Política Administrativa do Estado do Paraná em 1953.
A equipe juventina através de seu presidente, no ano de 1974, resolveu suspender as atividades do clube.
Anos mais tarde, precisamente em 1983, por iniciativa dos ex atletas e torcedores Walmor Goya, Willy Carlos Jung e Carlos Metzler foi alugada na rua 7 de Setembro uma sala para guardar o acervo do Clube, que hoje, está guardado em uma sala no Ginásio de Esportes do Colégio São José.
Quando se encontram aquelas pessoas remanescentes do auge do futebol amador de nossas cidades, a velha guarda, muitas histórias são contadas, e quando estas pessoas são inquiridas sobre os craques da época, a unanimidade vem no nome do zagueiro juventino Ivo Hercílio Wolf que além de craque era um gentleman dentro das quatro linhas.
Histórias:
Certa vez o lendário presidente do União E.C, Sr. João da Lima provocou o presidente do Juventus, Sr. Armando Sarti, para realizar uma partida e ver quem era o melhor. Dizia o presidente do União, clube vinculado na LERI (Liga Esportiva Regional Iguaçu – filiada na Federação Paranaense) que o time barriga verde com vínculo da LENC (Liga Esportiva Norte Catarinense) não tinha poderio técnico e nem cacife para derrotar a equipe de cor encarnada (camisas de cor vermelha). Amando Sarti que tinha sangue italiano topou a parada e aceitou o desafio. Com lotação máxima o Estádio da Baixada (Antiocho Pereira) foi o palco da peleja. O esquadrão juventino meteu 05 tentos a 01 na equipe do União. Após essa vitória o presidente do tricolor Pó de Arroz “rasgou o bacheiro”, onde dizia que não enfrentaria mais as equipes de União da Vitória, pois eram muito fracas tecnicamente.
Como eram os maiores rivais do nosso futebol amador, as equipes tricolor (Juventus) e do vovô (União) quando se enfrentavam o pau comia solto. Em um jogo no estadio da baixada a partida não terminou tamanha foi a pancadaria dentro das quatro linhas. Os atletas juventinos saíram correndo pela Avenida Iguaçu (ao lado do Rio Iguaçu) e se esconderam embaixo da Ponte Ferroviária Machado da Costa no lado de Santa Catarina. Os policiais paranaenses vinham até a divisa dos dois estados e não passavam para o lado catarinense, pois não era permitido fazer prisões no outro estado.
No ano de 1953 o Juventus foi campeão do Centenário de Emancipação Politica Administrativa do Estado do Paraná. Para comemorar, os seus atletas do elenco titular, resolveram fazer uma festa em uma zona do baixo meretrício (zona), ali na rua Cruzeiro, na descida para o Bairro Santa Rosa em Porto União. Durante a festa o salão foi apedrejado e várias telhas foram quebradas pelos atletas da equipe dos aspirantes, que por não terem a idade permitida para frequentar um bordel foram impedidos de participar da fuzarca. Tal apedrejamento foi feito ali do mirante (Morro do Vitinho) pois a casa das damas da noite estava situada no pé do referido morro.
Um outro fato que pouca gente sabe é sobre o maior campo das nossas cidades. Posso dizer isso porque na década de 1960, para sanar uma dúvida decorrente de uma aposta, foi feita uma medição pelos dirigentes Nuche e Armando Sarti, dirigentes do União e Juventus, respectivamente. Sarti dizia que era o Estádio Municipal de Porto União. Já Nuche defendia que era o Estádio da Baixada (Antiocho Pereira). Nenhum dos dois. Após medições, ficou comprovado que o maior campo de jogo era o campo do São Bernardo FC, conhecido como Lagoa Preta. Pena que não existam mais os Estádios e nem os diretores para comprovar tal fato. O que posso afirmar é que atuei em todos eles e no Estádio do São Bernardo a gente corria e parecia que nunca chegaria na linha de fundo.
Galeria de atletas que defenderam o esquadrão Tricolor Pó de Arroz:
Ney Baby, Raul Quadros, Edgar Kuritza, Ivo Hercílio Wolf, Arnoldo Roque, Cristiano Clausen, Romeu Savi, Edgar Alves, João Colita Jr., Paulo Ivo Rodrigues, Jair Mendonça, Ariovaldo Huergo, Arnoldo, Willy Carlos Jung, Walmor Goya, Carlos Metzler, Gilberto Brittes, Alfredo Dilemburg, Rosinha, Nelcir, Heitor Sarti, Zani Farah, Itacir, Sauka, Célio Bendelin, Altamiro, Lara, Osni Pé de Corvo, Schavalla, entre tantos outros.
Em homenagem ao eterno presidente e fundador do Juventus Esporte Clube, o Módulo Esportivo de Porto União recebeu o nome de Armando Sarti.
Quem viveu naquela época viu e sentiu o privilégio de acompanhar os verdadeiros craques. Quem não viveu pode ter uma ideia lendo um pouco das histórias contadas por este jornalista, repórter esportivo e pesquisador das coisas nosso futebol.
Fontes: Conversas com testemunhas oculares, jornal O Comércio, jornal Caiçara e Livro Juventus Esporte Clube 72 anos Depois.
amigos que alegria ver esta Historia vitoriosa e ainda contribuir um tiquinho,,parabens.
gostaria se possivel inclua a nossa foto pelo juventus,, que esta no meu FACE..
ABRAÇÃO A TODOS ESTAMOS AS ORDENS…E VIVA O AMADO JUVENTUS E.C.
ESTOU MUITO GRATIFICADO E EMOCIONADO.. VALEU.