CADÊ O MEU SALÁRIO
“O piá! Depois do banho passe lá na minha sala que preciso conversar contigo”. Fiquei imaginando o que o treinador (Iraci Martins) queria, pois eu havia treinado bem, marquei, apoiei, fiz um gol no goleiro Romeu e depois do coletivo fiquei treinando chutes com o goleiro Roque.
De banho tomado, fui até a sala conversar com o “homem”. O teor da conversa era a minha escalação no time titular. Disse ele que estava sendo pressionado pela diretoria para me escalar no time de cima, sabia do meu potencial, mas tinha compromisso com o jogador que ele havia trazido do Figueirense (Raulzinho). Era para me acalmar que chegaria a minha hora e que enquanto eu estivesse na reserva ele bancaria mais um salário por mês para mim. Disse que pagaria do próprio bolso, mas não era para eu contar para ninguém.
Amarguei o banco por mais dois meses e só entrei no time depois que o jogador titular deu um “migué”. Aconteceu o seguinte: Era o último jogo da fase classificatória, contra o Clube Atlético Paranaense e, nós já estávamos classificados. Nessa partida o jogador da minha posição levou um sufoco do ponteiro do Atlético, de nome Buião (jogador contratado junto ao Corinthians), inclusive os gols do time da capital paranaense foram no seu costado.
No meio da semana saiu o sorteio da próxima fase, jogaríamos novamente com o Furacão no Enéas Muniz (Campo do Ferroviário). No treinamento coletivo o atleta considerado titular se “contundiu” e eu fui escalado para a partida. Também perdemos, só que levei sorte, joguei bem e ponteiro adversário não viu a cor da redonda. A partir daquele momento, ganhei a posição não saindo mais da equipe.
Quanto ao salário que receberia do treinador, estou esperando até hoje.