MILIONÁRIOS E.C. DEIXOU SUA MARCA NO FUTEBOL AMADOR DE UNIÃO DA VITÓRIA

MILIONÁRIOS E.C. DEIXOU SUA MARCA NO FUTEBOL AMADOR DE UNIÃO DA VITÓRIA

MILIONÁRIOS E.C. E LIGA ESPORTIVA MUNICIPAL IGUAÇU – L.E.M.I.

No princípio

Após o certame de 1973 ter ficado muito aquém do esperado, a L.E.R.I. – Liga Esportiva Regional Iguaçu começou a ficar cada vez mais inoperante, pois os homens que dirigiam a instituição ficaram completamente desiludidos com o futebol amador das cidades irmãs. O mandato do presidente Sidney Cândido da Silva já tinha terminado a bastante tempo e ele não se interessou mais, tendo em vista que ninguém quis ajudar a administrar a Liga. O único que tentava manter a instituição era o secretário, Sr. Darci de Lima.

A posteriori assumiu a presidência o Sr. Algacir Koslowski, mas sem o apoio dos clubes pôs seu cargo à disposição e, a entidade ficou sem patrocinar competições. Em 1975, segundo informações contidas nos semanários da época, bem como do pessoal da imprensa escrita e falada, os senhores Nelson Gonçalves e João Soares Ramos se candidatariam para ocuparem os cargos de presidente e diretor, respectivamente, inclusive se eleitos, requisitariam todo o material que estava sendo utilizado pela Associação Atlética Iguaçu, como, máquina de escrever, arquivos, bandeiras, etc. que segundo eles, pertenciam aos clubes locais. Tal afirmação gerou um conflito com um ex-diretor da L.E.R.I. que à época estava fazendo parte do quadro diretivo da Associação Atlética Iguaçu, clube de futebol profissional. A candidatura de ambos ficou somente no papo. No ano de 1978, novamente foi tentado o retorno da L.E.R.I., mas por ter ficado vários anos inativa, tinha sido desfiliada da Federação Paranaense de Futebol. Imbuídos de uma vontade ferrenha que o futebol amador voltasse forte, até porque, o futebol profissional já estava meio à deriva, vários desportistas batalharam e fundaram uma nova instituição. Nascia a L.E.M.I. – Liga Esportiva Municipal Iguaçu, filiada na Federação Paranaense de Futebol para comandar o futebol amador das cidades de Porto União e União da Vitória.

A L.E.M.I. funcionou até 1981, quando por uma determinação de um órgão esportivo vinculado ao governo do Estado do Paraná, orientou que no nome da instituição que comandasse o futebol nas cidades de Porto União da Vitória tinha que aparecer a palavra “futebol”, só assim a administração do estado poderia ajudar com algum aporte financeiro, bem como, algumas obras para esse tipo de modalidade esportiva. Então, em 1981, sob o comando do presidente Mário Emílio da Silva, surgia a L.I.F.U.V.I. – Liga de Futebol de União da Vitória.

Com muitas agremiações se mobilizando para participar do certame de 1978, os dirigentes mais experientes, macacos velhos, velhas raposas do esporte bretão, nos bastidores contratavam boleiros dos esquadrões adversários. Em contrapartida, também nos bastidores, seus boleiros eram aliciados pelos clubes contrários.Tudo conspirava para um certame bastante disputado e com muitas nuances de bastidores, e foi.

Em 04 de junho de 1978, sob o comando de Algacir Charavara, no Estádio Bernardo Stamm, a L.E.M.I. fazia o seu Torneio Início, com 08 equipes participantes, tanto na categoria de aspirantes, bem como, na de titulares. Participaram os esquadrões do Milionários, Selesc, Ferraria, Avahi, Coimbra, Porto Vitória, União e São Bernardo.

Desalinhado com as pretensões dos dirigentes da nova Liga, o esquadrão do Ferroviário E.C., último campeão da L.E.R.I. em 1973, o maior bicho papão de títulos do futebol amador, resolveu não participar, o que de certa forma tirou um pouco do brilhantismo do certame.

Surgia o Milionários E.C.

Em 1976, se reunindo nas terças e quintas-feiras no estádio da Lagoa Preta para umas peladas de futebol, até porque, o futebol amador em Porto União da Vitória estava sem comando e, o futebol profissional dava indícios possível naufrágio, vários amigos desportistas viram que essas peladas foram ganhando força devido a maciça participação dos amantes do ludopédio. Criando regras para que todos que ali compareciam, jogassem pelo menos um pouquinho, os organizadores perceberam que a coisa estava ganhando corpo e resolveram fundar uma diretoria e começaram a pensar grande.

Sob a organização de Neilor Grabovski (Sabonete), Dilmar Gonzaga (Dego), Wilson Chastalo, Zani Farah e Dr. Hulle foi criado o Milionários E.C., que após várias pelejas amistosas em nossas cidades, de forma oficial, fez sua primeira apresentação futebolística em 09 de outubro de 1977, contra a Seleção de Veteranos da cidade de Paranaguá, tendo como palco o já lendário Estádio da Caixa D’água (Ferroviário). Apesar da imensa divulgação em todos os meios de comunicação, o público esperado ficou aquém, pois os nossos desportistas já estavam desacostumados a frequentar um cotejo de futebol amador e deixaram de assistir um excelente espetáculo. Com lances de categoria das duas turmas, prevaleceu a técnica dos contendores do Milionários que triunfou por 04 tentos a 01, onde o dianteiro e artilheiro Farias, o beque Mauro da Silva, os meiucas Vilela e Milton, juntamente com o arqueiro Juares, foram os que mais se salientaram. Balançaram as redes os craques, Casquinha e Mauro da Silva, ambos com um 01 tento e Farias com dois tentos.

Para essa contenda, formou o Milionários E.C.: Juares, Neilor, Mauro, Walmor e Mafra. Vilela e Milton. Lima (Polaco Becker), Farias, Orlandinho e Casquinha.

Dando um show de organização, inclusive montando um quadro associativo, onde todos arregaçaram as mangas, o Milionários E.C. começava a ter presença constante nas finais dos certames da L.E.M.I. Na disputa de 1978, começava uma grande rivalidade, dentro das quatros linhas e fora dela, nos bastidores, com o esquadrão do Selesc – Seleção de São Cristóvão.

O Milionários E.C. triunfou e abiscoitou vários canecos, tendo como principais o do certame de 1978, que teve o seu desenlace em meados de 1979 e o do ano de 1980, ambos contra o Selesc.

O certame de 1980 foi pautado por grandes prélios, onde os já tradicionais rivais, Milionários e Selesc decidiriam novamente o certame da L.E.M.I. Na última rodada do segundo turno, o Selesc, por já ser o campeão do primeiro e estar na ponta da tabela, jogava por um simples empate. Para o Milionários, somente a vitória lhe daria o segundo turno e chances de disputar as finais da competição. Com as agremiações trabalhando muito nos bastidores, onde o resultado influenciou em muito a atuação dentro das quatro linhas, numa contenda bastante tumultuada e eivada de lances violentos, inclusive com dois jogadores indo tomar banho mais cedo, o Milionários venceu pelo escore de 02 tentos a 01. Com esse triunfo ganhou o direito de decidir o campeonato contra o mesmo adversário em uma melhor de três pontos.

No primeiro cotejo decisivo, o Milionários vencia por 02 tentos a 00, mas pipocou no finalzinho deixando que o Selesc igualasse o escore em 02 a 02.

No dia 27 de junho foi realizada a segunda contenda, a grande final que, como sempre nesse certame, foi cercada de muitas nuances de bastidores, inclusive envolvendo a “compra” de jogadores por parte da direção do Milionários, que ficou só no boato, nada sendo confirmado oficialmente, mas alguns fatos merecem serem destacados, conforme informações da imprensa escrita e falada, também de vários protagonistas que participaram do duelo. Vamos a eles:

Alguns boleiros do Selesc chegaram em cima da hora do início do prélio e, antes de irem para o vestiário, coisa que nunca faziam, se dirigiram ao botequim e firmaram o pulso com alguns “guaranás”. Alguns torcedores, em tom de gozação, afirmaram que eles foram “engraxar as canelas”.

Três atletas titulares não compareceram para pelear pelo Selesc. Segundo dizem, o homem da “mala preta” soltou um “boró” para eles.

Para tentar comprovar o suborno, os dirigentes do Selesc levaram um repórter ao vestiário para presenciar o relato de um contendor, que também tinha sofrido a tentativa de suborno, mas não aceitou. Atuou até ser expulso.

Logo aos 15 minutos da primeira metade instalou-se um sururu devido a uma “tesoura voadora” por parte de um beque do Selesc. Foi tomar banho mais cedo (aquele que disse no vestiário que sofreu a tentativa de “compra”).

Análise do prélio decisivo:

A contenda começou fria, com os dois quadros amorcegando, onde as jogadas eram centralizadas no setor de criação. Depois de uma cochilada da cozinha do Milionários, um dianteiro do Selesc aproveitou a bobeira e mexeu no placar, um tento, que por incrível que pareça não foi muito festejado. Depois de ter sua meta caída, o Milionários parece que acordou e resolveu jogar. Adiantou a marcação e foi uma pressão só, fustigando de todo jeito o quadro de São Cristóvão e, logo em seguida já tinha virado o escore e vencia por 03 a 01. Durante todo o final da primeira etapa e mais a metade da segunda, o combate ficou num “Banho Maria”. Somente após a metade da etapa derradeira, o prélio ganhou um pouco de motivação com a feitura do quarto tento do Milionários, que começava a querer comemorar o título, mas em uma jogada contra o patrimônio e um pênalti feito de forma infantil por um beque do “Milios”, o Selesc encostou no placar e demonstrou uma reação, que de nada adiantou, pois o tempo regulamentar estava esgotado. Findo o cotejo final com a vitória por 04 a 03, o Milionários se sagraria bicampeão com direito a disputar a Taça Paraná de 1980.

 

Milionários na Taça Paraná de 1980.

Com o bicampeonato em 1980, o agora conhecido pela alcunha de “Milios” ganhou o direito de representar a L.E.M.I. na Taça Paraná. Na primeira fase compôs a chave juntamente com os quadros do Guairacá de Guarapuava e Iraty da cidade de Irati.

Milionários 01 x 01 Guiaricá (Guarapuava)

Depois de tantas batalhas, dentro e fora das quatro linhas, em 18 de outubro de 1980, sábado, no Estádio Enéas Muniz de Queirós, o Milionários E.C. daria o pontapé inicial para disputar a Taça Paraná, tentando elevar novamente o nome do futebol de União da Vitória, que por muitas vezes esteve no conceito máximo da Federação Paranaense de Futebol. Para tanto, uma enorme festividade foi programada, como o prélio aperitivo entre os infantis do Milionários e União de São Cristóvão. Após o encerramento dos piás, deu um show a banda marcial do Colégio Túlio de França. Com os dois esquadrões em campo, perfilados, foi cantado o hino nacional e foram hasteados os pavilhões brasileiro e paranaense.

Ás 16 horas a peca rolou para a contenda entre Milionários E.C. e Guairacá F.C. da cidade de Guarapuava. Por estrearem no certame a nível estadual, o sistema nervoso no início do combate influenciou sobremaneira os elementos do esquadrão de União da Vitória, onde muitos passes errados foram a tônica daquele primeiro momento. Se firmando dentro do tapete verde, buscou o equilíbrio, que persistiu mesmo tendo tomado um tento dos contrários, fazendo com que os torcedores, aos gritos, incentivassem dando ânimo para os boleiros. Perdendo por 01 a 00 o Milionários não se abalou, foi para cima e fustigou o onze guarapuavano até conseguir a igualdade no escore, através do golaço do beque Mauro da Silva.Também precisando da vitória, pois tinha sofrido um revés em seus domínios para o quadro do Iraty, o Guairacá pressionava e o duelo era lá e cá. Mas, de nada adiantou, o escore não foi mais acionado. Placar final de 01 a 01.

Iraty 01 x 01 Milionários

No dia 26 de outubro, para a segunda apresentação no certame, já na chegada em Irati pela manhã, ouviu-se nos bastidores, que o trio de arbitragem estava na “gaveta”. O mediador receberia dez mil e os bandeirinhas cinco mil cruzeiros caso o Iraty vencesse.

Iniciado o cotejo, bem postado dentro do palco o Milionários abriu a contagem com o tento do ponta de lança matador, Branco. Em vantagem pelo escore mínimo, o Milios se retraiu e chamou para cima de si o esquadrão da casa. Mesmo depois de tanta pressão, tomou o gol de empate num completo impedimento de um dianteiro iratiense, além de que, no lance, o beque Mauro da Silva foi segurado pela camisa e o mediador fez “vista grossa”. Apitando de forma parcial e caseira, o homem do referee também invalidou dois tentos legítimos do esquadrão de União da Vitória. Após eclodir um sururu devido as reclamações, três atletas da espinha dorsal do Milionários foram expulsos: Farias e Rosinha que foram tirar satisfações com o árbitro, por reclamações foram tomar banho mais cedo. Beco, em um lance de perigo em sua área deu um bição na redonda e, ela por capricho, acertou o focinho de um dos bandeiras, também foi convidado a ir ligar o chuveiro. Com os nervos na “copa dos paus”, impondo palavras de ordem, o treinador Durval de Lima e o massagista do Milionários, da mesma forma, foram convidados a se retirar e ir para o lado de fora do alambrado. Para que o cotejo fosse até o final, sua senhoria, o mediador, distribuiu oito cartões amarelos. Mesmo inferiorizado numericamente, na garra e na raça o M.E.C conseguiu manter o empate em 01 a 01, que pelas circunstância valeu como uma vitória, mas os elementos expulsos, com certeza fariam falta no próximo confronto.

Guairá 01 x 03 Milionários.

Na terceira peleja, 02 de novembro, a de volta, em Guarapuava contra o Guairacá, mesmo desfalcado devido as três expulsões no prélio anterior, o Milionários teve uma apresentação estupenda. Com excelente atuação e guarnecendo muito bem a sua meta, Aristides passou tranquilidade para seus colegas de linha. O beque Mauro Silva, com sua categoria, determinação, raça e experiência ditou as normas de jogo do seu onze. Na linha de frente, o ponta de lança Branco arrasou com o sistema defensivo guarapuavano, derrubou a cidadela contrária por três vezes. O resultado final de 03 a 01 para o Milios foi justo, mas pelo volume de atuação poderia ter sido elástico, não fossem os tentos desperdiçados. Um fato negativo no elenco do Milios, foi que três atletas não viajaram com a delegação até Guarapuava, pois preferiram excursionar com outra equipe, deixando seus companheiros na mão.

Milionários 03 x 01 Irati

Na última pugna da fase, 16 de novembro, em União da Vitória na contenda de volta contra o Iraty, o que se tinha certeza era que se o Milios não triunfasse dentro do tapete verde, fora dele, os diretores e a torcida triunfariam. Não precisou, o invicto Milionários, com atuação maiúscula, venceu dentro das quatro linhas por 03 tentos a 01 e carimbou a classificação para a próxima fase, embora o terceiro tento tenha nascido de um lance irregular. Estufaram as redes para o Milionários: os dois primeiros tentos, Clarêncio, o terceiro, Farias. Mesmo tendo vencido, o clima de festa não foi total, porque dois jogadores antes da partida não aceitaram ficar no banco de reservas, deixando a direção e comando técnico muito chateados, pois já houve problemas para a ida até Guarapuava, onde outros três atletas preferiram não viajar com a embaixada milionária. Também, antes da viagem até Guarapuava, um jogador quando foi buscado na sua residência para viajar, alegou que só viajaria se ganhasse um fogão a gás. Segundo dizem não ganhou o dito fogão.

Internacional (Campo Largo) 02 x 00 Milionários

Em 30 de novembro, domingo, ainda invicto no torneio, pela fase seguinte da Taça Paraná o esquadrão do Milionários duelou, em Campo Largo, com o Internacional E.C. Nessa fase, com dois cotejos, de ida e volta, o melhor em soma de pontos seguiria adiante no certame. Enfrentando um onze muito qualificado, catimbeiro e com muito trabalho nos bastidores, principalmente quanto a arbitragem, o quadro das cidades irmãs viu seu sonho ficar distante de uma futura classificação. Atuando em um campo cheio de buracos o seu futebol foi prejudicado, beneficiando o quadro da casa. Além de ser derrotado por 02 tentos a 00, o seu capitão e xerifão da zaga, Mauro Silva, foi expulso do gramado e faria uma falta tremenda para a porfia de volta.

Para a segunda pugna, por já ter sido derrotado e tendo que fazer três tentos de diferença contra um quadro muito qualificado, pelos problemas ocorridos com várias expulsões e atletas se rebelando querendo a titularidade e outros querendo um aporte material para pelear, a direção do Milionários E.C. resolveu jogar a toalha e entregou os pontos para o prélio de volta, sendo automaticamente eliminado do certame.

Passaram pelo Milionários na disputa da Taça Paraná de 1980, entre tantos craques: Aristides, Neco, Mauro, Joni, Brasil, Rosinha, Gohl, Luizinho, Mário, Branco, Zequinha, Zani, Roni, Laércio, Batisti, Clarêncio, Beto Reolon, Puti, Beco, Orlando e Carlos.

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