XXVII JOGOS ABERTOS DO PARANÁ – 1985 – CASCAVEL
O Clube Apolo totalmente lotado nas noites de segunda a sexta-feira, onde muitas vezes passaram de sessenta equipes disputando a competição de futebol de salão, jovens atletas sendo revelados, dirigentes visionários como Dodo Portes, Luis Ubaldo, Domit, entre outros, com certeza, já era o prenúncio de futuras conquistas.
Tudo isso, por si só, já seria considerada uma glória para o nosso esporte. Mas não parou por aí. Foi um dos adventos do grande feito, que começou em 1984, com a conquista do honroso quarto lugar na cidade de Londrina.
Só não foi campeã naquele ano, no centro-norte do Paraná, pela falta de experiência de seus atletas. Quem conhece de bola e presenciou o fato, viu que para o ano seguinte aqueles meninos, se mantido a base, com certeza absoluta disputariam o caneco na modalidade. Disputaram e ganharam com muita competência em 1985 os XXVII Jogos Abertos do Paraná.
Após boas atuações na fase classificatória, onde chegaram a jogar em quadras de cimento, e jogando ainda no sistema 2 – 2, famoso caixote, aos poucos os nossos atletas foram se soltando, a equipe foi se encorpando e a confiança aumentou deixando a imprensa esportiva do Paraná atônita com a garra e qualidade técnica do elenco de União da Vitória.
Com a ótima campanha, ganhou o direito de disputar a finalíssima. Enfrentaria a excelente equipe da cidade de Pato Branco.
Campanha:
1ª Fase
União da Vitória 4 x 1 Londrina.
União da Vitória 8 x 3 Santo Antônio do Sudoeste.
União da Vitória 4 x 3 Coronel Vivida.
2ª Fase
União da Vitória 2 x 1 Colorado.
União da Vitória 12 x 3 Umuarama.
União da Vitória 2 x 1 Guaíra.
Semifinal
União da Vitória 2 x 1 Curitiba.
A nossa equipe começou vencendo e cedeu o empate. Quando faltavam 18 segundos para o término da partida o Alemão Gohl acertou um tirambaço de esquerda e fez o tento da vitória. Essa vitória teve sabor especial para o Hussein e Luizinho Cruz, pois o técnico de Curitiba, que também era técnico da seleção paranaense, por bairrismo, os havia cortado do selecionado.
A partida final
União da Vitória 9 x 5 Pato Branco.
Pouca gente acreditava que o Ginásio Sérgio Mauro Festugatto naquele dia 12 de outubro, seria o palco de uma das maiores conquistas do nosso esporte. Inclusive, a nossa delegação tinha viajado com os planos de disputar somente a primeira fase da competição, tamanha a qualidade técnica das equipes adversárias que disputavam essa modalidade.
Uma semana antes dos jogos, a equipe de Pato Branco jogou amistosamente contra o nosso selecionado, aqui em União da Vitória e venceu por 7 a 3, portanto já contava com o título.
Capitaneado pelo Luizinho Cruz o selecionado de União da Vitória enfrentou em igualdade de condições o famoso time de Pato Branco. Em uma partida bastante pegada e catimbada a primeira metade foi vencida pelo elenco do sudoeste por 1 a 0.
Para a segunda etapa, com mexidas pontuais pelo técnico, o nosso quadro foi se impondo em quadra e aos poucos foi tomando as rédeas da partida. No final do tempo regulamentar o esquadrão do sul do Paraná fez valer a superioridade técnica e venceu pelo escore de 9 a 5.
Os tentos do nosso selecionado foram marcados por:
Hussein (03), Gohl (03), Marcelinho (02) e Luizinho Cruz (01)
Curiosidades
Mesmo tendo um treinador no papel, quem comandava a equipe era o Neco.
O Hussein ficou durante todos os dias com a mesma cueca, segundo superstição, era para dar sorte. Foi o artilheiro da equipe com 13 gols.
Nossa seleção fez 43 gols e sofreu 18.
O nosso vice-artilheiro foi o Alemão Gohl.
A equipe de União da Vitória ficou alojada em um colégio e o Neco colocou no quadro negro o nome das equipes adversárias e a cada vitória ia apagando o nome de cada uma.
O Neco também escreveu no quadro negro: “Poderei fazer tudo aquilo que eu quiser com a força de Jesus Cristo. Ele me dará forças”.
O Hussein prometeu que se fossem campeões apagaria a frase com a língua. Cumpriu a promessa.
Tinha em Cascavel uma comunidade de ex-moradores das nossas cidades que abraçaram a equipe e levavam o time para fazer sauna e massagem no famoso Hotel Copas Verdes.
O atleta Mário José Godinho, duas semanas antes dos jogos torceu o tornozelo, e o mesmo foi engessado. Segundo recomendações médicas teria que ficar engessado por um mês. Dois dias antes da viagem para os jogos, contando com a ajuda de seu pai, serraram e retiraram o gesso mesmo sem autorização médica. Jogou todas as partidas, só não podia chutar de bico.
O Alemão Gohl, que também estava com o pé engessado, retirou o gesso no último treinamento e apostou uma caixa de cervejas com o Dori Torpedo que daria dez voltas na quadra. Deu as dez voltas, só que até hoje o Dori não pagou a aposta, segundo o Gohl.
Como o selecionado não tinha uniforme próprio, utilizou os da Associação Atlética Iguaçu.
O jovem Gitica era o massagista e fiel escudeiro da equipe. Era pau para toda obra.
Atletas que fizeram parte da conquista inédita:
Moacir José Hladkyl – goleiro – trabalha na Auto Elétrica Porto União.
Francisco de Assis Tremba (Chiquinho) – goleiro – trabalhou na Pormade.
Cláudio Tilgner de Souza (Gavião) – goleiro – trabalha na Prefeitura de Porto União.
Rafael Koguta Filho (Neco) – fixo – trabalhou na Copel.
Luiz Carlos Cruz (Luizinho) – fixo – trabalha com pinturas.
Lourival Ricardo Gohl (Alemão Gohl) – pivô – Lojista.
Heron Marcelo Domingues (Marcelinho da Pormade) – ala – trabalha na Pormade.
Dorival Rosencheg (Dori Torpedo) – ala – contabilista.
Mário José Godinho (Mário José) – pivô – trabalha nos Estados Unidos da América.
Valdir Spadotto (Valdirzão) – ala – funcionário público do estado catarinense.
Ronaldo Meskau (Roni) – ala – trabalhou no BESC.
Hussein Bakri (Hussein) – ala – deputado estadual pelo Paraná.
Treinador – Luiz. A. Borba – militar.
Massagista e roupeiro – Gitica.