O jogo seria na capital paranaense, no estádio Durival de Brito e Silva, Vila Capanema, contra a equipe do Colorado. Sabíamos das dificuldades que seriam encontradas, pois, além do adversário ser um time da capital, pesava também contra nós o fator arbitragem. As equipes do interior, na maioria das vezes, eram prejudicadas no quesito “juiz” quando o jogo era contra os times considerados de grande porte.
Naquela época, os treinadores usavam muito o treino coletivo que nada mais é que colocar os jogadores titulares a simularem uma partida contra os jogadores reservas. Lembro bem que, nesses coletivos, era treinado até a exaustão a jogada de saída de bola da nossa equipe, pois tínhamos um goleiro muito habilidoso com a bola nos pés, ele colocava a redonda onde queria. Recordo-me bem, que quando ele fazia uma defesa a sua saída de bola era rápida e certeira. Ele batia de bate-pronto e a bola chegava certinha, não errava uma.
Mas voltemos agora ao que interessa, o embate contra o Colorado. A partida estava bastante disputada e havia equilíbrio entre as equipes. O jogo se encaminhava para o final e nós “boleiros” já estávamos contando com aquele “bicho” (gratificação dada aos atletas por desempenho), pois empatar fora de casa contra uma equipe grande da capital não é façanha para qualquer um. No último minuto, o nosso goleiro defendeu um chute da entrada da área e no afã de propiciar um contra-ataque tentou de bate-pronto lançar a bola para os nossos atacantes, pois tinha visualizado a chance de sairmos da capital com uma vitória. Levou azar ao chutar a bola, errou, pegou na “orelha”, a bola foi parar nos pés de um dos atacantes do adversário, na meia lua da nossa grande área. O atacante era o famoso Paraná, que fora contratado junto ao São Paulo, que dominou a redonda e por cobertura mandou-a no ninho da coruja, lá na gaveta, indefensável.
Acabou a partida, fomos derrotados e, sem outra coisa a fazer senão lamentar e tirar sarro do nosso guapo, começamos a pegar no pé do mesmo. Frases como “rouba bicho”, “entrega ouro” foram ditas pela maioria dos atletas. A sorte que o Bananão (apelido do goleiro) era uma pessoa calma e tirou de letra a gozação. Ele sabia que, muitas vezes, foi o responsável por nossas vitórias.
Durante a semana seguinte, nos treinamentos coletivos, na saída de bola da meta o pessoal começava a gritar: “Bananão! Cuidado com o Naná (alusão ao atacante Paraná)”.