MEU PRIMEIRO CONTRATO COMO JOGADOR DE FUTEBOL

MEU PRIMEIRO CONTRATO COMO JOGADOR DE FUTEBOL

Coisas da bola

Coisas da bola são relatos de fatos vividos por mim, histórias contadas por amigos e outros frutos da minha imaginação.

Qualquer semelhança será puro acaso.

“Jair da Silva Craque Kiko”

LUVAS PARA ASSINAR CONTRATO
Na década de 1970, a hegemonia do futebol amador das cidades de Porto União e União da Vitória eram oriundas das categorias inferiores, ou seja, juvenis e aspirantes. Devido a grande rivalidade futebolística existente, as equipes faziam uma verdadeira guerra nos bastidores quando o negócio era a contratação de um atleta para o seu elenco. O dinheiro corria solto. Quem podia mais chorava menos. Grana e emprego de fachada nas indústrias dos dirigentes era coisa corriqueira. Cito empresas, como Madeireira Bernardo Stamm, Fábrica de Fechaduras e Rede Ferroviária. Cito também o 5° Batalhão de Engenharia e Combate, que, no início de cada ano, com a incorporação dos recrutas, era visitado frequentemente pelos dirigentes buscando jogadores para as suas agremiações.
As equipes do Ferroviário e São Bernardo eram os times a serem batidos nas categorias juvenis. Quando se enfrentavam, a certeza era de casa cheia e o jogo seria muito equilibrado. Eu fazia parte do time da Vila Famosa (Ferroviário) e já éramos bicampeões na categoria.

Naquele ano, a equipe do Avahí, que sempre corria por fora, resolveu investir no seu juvenil. Começou a manter contato com os atletas visando uma possível contratação para a sua agremiação. Foi aí que o meu pai foi procurado por um dirigente havaiano, precisamente por Sr. Nicolau Zimmer. O meu progenitor orientou o dirigente a falar comigo, pois era eu quem deveria decidir. Para começo de conversa, o cartola colocou em cima da mesa C$ 50,00 (cinquenta cruzeiros). Essa grana seria referente às “luvas” que pagariam pela minha contratação, explicou o dirigente, e me informou ainda o nome dos outros atletas que seriam contratados, seria uma verdadeira seleção. Balancei diante da proposta. Sendo de família humilde, nunca havia visto aquela quantia de dinheiro, e jogar com os craques que seriam contratados seria o máximo, mas disse ao cartola que iria pensar.

Nesse ínterim, a diretoria do Ferroviário ficou sabendo do assédio da equipe havaiana e, então, me convocou para uma reunião lá na Estação Ferroviária. Contei da proposta recebida. Foi aí que o presidente Sr. Clodoveu Mendes me fez a proposta, C$ 60,00 (sessenta cruzeiros). Falei que iria pensar e logo daria a resposta. Como se passaram dois dias e não me manifestei, Sr. Clodoveu foi até a minha casa, levou um contrato, me deu C$ 70,00 (setenta cruzeiros) em espécie. Assinei o contrato. Era uma sexta-feira e no sábado pela manhã já fiz uso da grana. Fui até as Casas Buri, na avenida Manoel Ribas, e com o vendedor Sauka comprei uma jaqueta de couro (sonho de consumo) e demais roupas. Para terminar a história, relato que o campeonato juvenil daquele ano não aconteceu, mas o meu vínculo como atleta estava garantido ao Ferroviário, tanto é que fui alçado ao time titular e fomos campeões decidindo contra a equipe do São Bernardo, no Estádio Bernardo Stamm.

Se não estou enganado foi o último campeonato da extinta L.E.R.I (Liga Esportiva Regional Iguaçu).

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