Com o advento da antena parabólica nos anos de 1980/90, o proletariado começou a se cotizar para adquirir uma antena, pois era considerada cara para ser adquirida a vista. Eu e mais nove amigos formamos um grupo.Todos pagariam mensalidades durante dez meses e todo mês uma antena seria sorteada. Quem fosse sorteado antes teria a parabólica instalada. Fui o último a ser sorteado e o dono da empresa fornecedora começou a me dar o “nó”, começou a me enrolar e nada de instalar o equipamento. Fui umas trinta vezes na casa do cara e o mesmo só me enganava, prometia e nada de cumprir. Não sabendo mais o que fazer, fui orientado por amigos a procurar o promotor público. Dirigi-me ao Fórum, marquei hora e fui recebido pelo defensor da lei. Contei o meu caso, disse que todos os colegas já tinham recebido o produto e que o pseudo empresário estava me enganando já fazia três meses. Ele abriu uma gaveta de sua escrivaninha e tirou um calhamaço de folhas, todas reclamações contra o dito empresário. Disse que não poderia fazer nada e que o homem não tinha nada em seu nome e era um malandro ensaboado. Quase que ensandecido, questionei a justiça e disse ao promotor que perderia a antena, mas daria uma camaçada de pau no cara. O homem da lei falou que se eu fizesse isso ele me poria no xilindró. Saí do fórum puto da cara e questionando a justiça. Não aceitava o que estava acontecendo, isso era o fim do mundo.
Quando me dirigia para casa encontrei um colega de futebol, começamos a conversar e contei o caso para ele. Foi quando o ele me disse que teve o mesmo problema e quem resolveu foi um amigo nosso de futebol, o delegado de polícia de Porto União, Dr. Getúlio. Liguei para ele e marquei hora para o dia seguinte. Chegando na delegacia entrei na sala do delegado e encontrei vários amigos boleiros tomando chimarrão e falando de futebol. Contei toda a história. O doutor pegou o telefone (o delegado já sabia de cor o número do telefone do malandro) e ligou para ele: “Xé (nome fictício), estou aqui com mais uma reclamação sobre a entrega das antenas. Se você não entregar até amanhã no final da tarde, eu vou te prender, isso é palavra de honra que estou dando pro Kiko, te vira”.
No outro dia, no final da tarde, quando eu estava chegando em casa avistei a parabólica instalada e já fui imaginando o que iria assistir. Fiquei mais nervoso do que já andava. O malandro não havia levado o receptor, só tinha instalado o “guarda-chuva”. Dali a uma semana ele instalou um receptor, só que após alguns minutos de funcionamento ele desligava, tinha que esperar esfriar para aparecer a imagem novamente.
Desiludido, fudido e com os nervos a flor da pele, liguei para o amigo delegado, que entrou entrou em contato com o meliante dizendo que estava indo prendê-lo. Não demorou meia hora o “jaguara” instalou um receptor novo e finalmente a antena funcionou.
No final de semana, pude assistir o amigo Luizinho Cruz (ex jogador da Associação Atlética Iguaçu), jogando pelo União de Bandeirantes na decisão do campeonato paranaense contra o Londrina em 1992, no Estádio do Café. O placar foi 1 a 0 para o Londrina.