Nas minhas andanças atrás da famosa bola de futebol, vivi momentos inusitados, muitos deles hilários e outros nem tanto, como este que vou contar sobre a minha excelente passagem pela cidade de Clevelândia-PR.
Em vias de concluir a faculdade e, já desgostoso da vida como atleta profissional de futebol (nove meses sem receber da Associação Atlética Iguaçu), resolvi que iria me dedicar à minha formação acadêmica. Nesse meio tempo,1977, recebi a visita do pessoal de Clevelândia (Jaime Mozer, Ênio Simonato, Geraldo Vailatti e Oradi Vieira) que vieram até União da Vitória para me contratar para atuar pelo Tabu de Clevelândia no Campeonato Paranaense daquele ano. De início, como resposta, disse a eles que não queria mais viver do futebol, que estava desiludido. Diante da insistência na minha contratação, falei que até poderia jogar para eles, só que, eles teriam que arrumar um emprego para mim, na minha especialidade, e que eu iria para Clevelândia para me radicar na cidade, sobreviver do meu trabalho, não do time de futebol e eles teriam que me pagar os valores referentes ao que eu tinha direito do Iguaçu, pois a diretoria iguaçuana só me liberaria o passe se o meu “haver” fosse quitado.
E então, na semana seguinte lá fui eu para o sudoeste do Paraná. Comecei a trabalhar na empresa Barzenski, onde passei a responder pela parte financeira e setor de recursos humanos. Para conciliar o futebol com o trabalho no escritório, treinava pela manhã logo cedinho e no final da tarde.
A estreia no campeonato foi jogando fora de casa contra a equipe do Palmeiras de Pato Branco. Se existe rivalidade entre os times de futebol nos dias de hoje, não chega nem perto do que era a rivalidade entre o Tabu e Palmeiras. Não acontecia um jogo em que não houvesse confusão, e geralmente o pau comia solto dentro das quatro linhas e fora dela.
Com o intuito de ser campeão, os dirigentes do time pato-branquense investiram bastante naquele ano. Entre os atletas contratados, trouxeram um ponta esquerda famoso, ex jogador do Palmeiras de São Paulo. O cara chegou com uma baita moral. Nos treinamentos coletivos arrebentava e “fazia gato e sapato” dos seus marcadores. Na cidade de Pato Branco a expectativa era grande para a estreia do ponteiro, que, coincidiu com a minha, jogando pela lateral direita do Tabuzinho (era assim que estávamos sendo chamados, em tom pejorativo, na véspera daquele embate).
E a moganga rolou, o bicho pegou e o ponteiro esquerdo não jogou. Literalmente não jogou, ou seja, não deixei o fulano pegar na bola, fiquei o jogo todo fungando no cangote dele. Quando via que ia ser driblado, as traves da minha chuteira de marca olímpica entravam em ação (quem jogou naquela época sabe o que eu quis dizer). O homem afinou. Lembro que no decorrer da partida, o narrador da Rádio Celinauta falou, a torcida veio em peso para ver o ponteiro do Palmeiras e esta vendo o lateral do Tabu.
Para resumir o ocorrido, na segunda-feira, o ponteiro teve o seu contrato rescindido pela diretoria palmeirense.
Vale dizer, que a partida em si, foi um baita jogo de bola. As duas equipes estiveram muito bem, o jogo era lá e cá. O resultado final ficou em zero a zero. Nesse confronto, dois atletas do Tabu tiveram uma atuação de gala. O goleiro Jaime pegou tudo. O nosso volante, compadre Paulino Francisco Stedile, arrebentou, comandou o nosso meio campo. Pelo lado do Palmeiras, o meia atacante Vilson Henrique também jogou muito.
Essa partida foi uma raridade no confronto entre as duas equipes, tendo visto que, os atletas se preocuparam somente e jogar bola, deixando de lado as brigas de sempre.
Quem está lendo esta história pode pensar que estou me achando, contando essa peripécia, mas não, esse fato foi pura verdade, como foi pura verdade o vareio de bola que levei do ponteiro Wilton do Coritiba, o qual relatei em histórias já publicadas.
Ratificando sobre a minha passagem pela cidade de Clevelândia, quero dizer mais, fiz muitos amigos os quais tenho imenso carinho e guardo todos dentro do meu coração. Eta povo bão…