A partida era decisiva lá em Valões. Saímos da frente do bar do Carmelo Monte que se situava ao lado da barbearia do seu Acir, ali na Avenida Getúlio Vargas, às 12:30 horas. Cada um dos onze atletas se ajeitou dentro da Kombi e nos dirigimos para a vizinha cidade. O craque do nosso time, conhecido como Pé de Corvo, iria um pouco mais tarde com seu Jeep. Chegamos em cima da hora do jogo. Todos os atletas que foram de Kombi se fardaram e ficaram na espera do craque que não chegava. O time adversário já estava em campo e o juiz trilava seu apito para que nós adentrássemos nas quatro linhas. E nada do craque aparecer. Então o nosso treinador, que era militar, escalou o nosso time com dez atletas, justificando que era para não queimar uma substituição, pois o craque logo deveria chegar. O jogador que ficou no banco estava puto da cara, o time jogando com dez e ele na reserva. Cada vez que ouvia-se o som de um veículo seguido por um poeirão naquela estrada de chão batido, imaginava-se que era o nosso craque atleta que estava chegando. E nada. Terminou o primeiro tempo, começou o segundo e nada do treinador colocar mais um jogador. Quando faltava mais ou menos quinze minutos para o final e a partida estava empatada em zero a zero o “treineiro” resolveu colocar o atleta que estava no banco e então ficamos com onze jogadores em campo. Foi aí que o time da casa abriu o placar. Por incrível que pareça o gol adversário foi feito pelo nosso jogador que tinha acabado de entrar, gol contra. Terminado o jogo o pau comeu entre o treinador e o jogador que fez o gol contra, pois pairou no ar a dúvida se o gol contra foi feito de propósito ou um mero acaso.
Em face do ocorrido o nosso time foi desmanchado. Tempos depois foi descoberto que o nosso atleta craque tinha nos enganado, pois, tinha ido jogar por outra equipe lá em Porto Vitória.
