E corria o campeonato paranaense da segunda divisão em meados da década de 1980. Disputando uma vaga para a semifinal, onde os quatro esquadrões da chave estavam embolados em número de pontos, a Associação Atlética Iguaçu se apresentaria naquele final de semana na cidade de Clevelândia contra a equipe do Tabu. O quadro de Clevelândia tinha chances remotas de classificação, enquanto o Iguaçu era o franco favorito, pois seu elenco vinha apresentando um ótimo futebol. Um dos diferenciais entre as duas agremiações, era que o elenco iguaçuano era composto por jovens e o Tabu por atletas já em final de carreira. Um outro fator era que os atletas do esquadrão clevelandense só se reuniam nos dias dos confrontos e a maioria de seus boleiros eram de União da Vitória, ex-jogadores do Iguaçu.
Na semana anterior à contenda, um diretor iguaçuano encontrou um atleta do Tabu em União da Vitória e tirando sarro disse que se os atletas do Tabu se comportassem “direitinho no jogo”, eles só fariam uns dois gols.
Se sentindo humilhado pelo comentário do diretor, o atleta do time do sudoeste paranaense entrou em contato via telefone com a sua diretoria e acertaram que naquela semana do embate eles iriam se preparar e treinar a semana toda lá em Clevelândia. Para deixar os ânimos mais acirrados e mexer com os brios de seus colegas jogadores, o atleta disse que os diretores e boleiros iguaçuanos estavam tirando sarro, como: o goleiro era frangueiro e aceitava gol até de tiro de meta, que os atletas do Tabu eram uns refugos e estavam acabados para o futebol.
Diante de tal afirmação e sentindo na carne a humilhação, os boleiros do Tabu instalaram um clima de guerra para aquele confronto futebolístico, além de que, fizeram com que a torcida tomasse conhecimento do possível desrespeito feito pelos atletas do Iguaçu.
Várias medidas foram tomadas para hostilizar e amedrontar o time visitante, antes e durante o cotejo, começando na entrada em campo através do túnel de acesso, onde os torcedores faziam uma grande pressão batendo com latas no alambrado e gritando palavras de ordem. Outra medida foi que os onze atletas do Tabu chamaram o árbitro, após terem entrado dentro das quatro linhas, cercaram-no e na cara dura explicaram a situação, deixando bem claro que aquela era a última partida da metade do time, que estavam encerrando a carreira. Queriam que ele apitasse direito, porque devido a sua fama de gaveteiro se ele metesse a mão ele sairia de lá todo quebrado e que não adiantaria “carregar na súmula”, pois eles estavam encerrando a carreira como jogadores de futebol. Também na hora de se cumprimentarem, os atletas do Tabu não aceitaram o aperto de mão dos adversários, dizendo: o nosso negócio hoje é descer o pau em vocês e o bicho vai pegar. Paralelo a isso, vários rojões foram estourados perto dos atletas iguaçuanos.
Diante dos fatos relatados acima, o apitador deu início no prélio e o bicho pegou dentro do tapete verde. A cada dividida era uma touceira de grama que levantava e, quando os menudos do Iguaçu reclamavam, o juiz dizia: segue o jogo. Para resumir o acontecido, vários jogadores do Iguaçu pipocaram. O Tabu fez um a zero e, a partir daí armou uma retranca conseguindo vencer a peleja.
Com essa inesperada vitória do Tabu, os escretes ficaram iguais no número de pontos. A equipe de Clevelândia se classificou nos critérios de desempates e o Iguaçu foi desclassificado, pois o impossível aconteceu no outro jogo da chave, o último colocado o Operário de Ponta Grossa venceu e se classificou também nos critérios.
Naquele ano o campeão da segunda divisão foi a equipe da Platinense. O vice-campeão foi o Operário de Ponta Grossa.