Escutando os programas de esportes por meio das emissoras de rádio local, nós piazada da época já sabíamos que domingo teria jogo na Vila Famosa. Vila Famosa era uma alusão as casas dos ferroviários que moravam nas adjacências do estádio. A expectativa sempre era enorme, uma vez que se chovesse a rodada seria transferida. Promessas e rezas aos santos já era habitual, não podia chover. Quando chovia era um Deus nos acuda. A atenção ficava, então, voltada para a caixa de água existente nos fundos do gol de entrada. De minuto em minuto olhávamos para a parte superior da referida caixa para ver se seria hasteada a bandeira do Ferrinho e da Leri (Liga Esportiva Regional Iguaçu). Se fossem hasteadas, significava que o campo estava liberado para jogo e a rodada do futebol amador seria realizada, era a maior alegria para nós.
Moradores que éramos das redondezas já sabíamos das tocas e buracos na cerca para entrarmos de “ratão”, isso quando o policiamento não era muito ostensivo. Quando o nosso intento não lograva êxito nós ficávamos em frente da portaria, com cara de “coitados”, esperando que o porteiro ficasse com dó e nos mandasse entrar. O macete era ficar quietinho e de cabeça baixa. Não dava nem nega, em poucos minutos estávamos lá dentro.
Foi assim que eu e muitos dos meus amigos da época demos os primeiros passos para assistir futebol e tivemos orgulho de ver craques como Nico Parisi, Bertolotte, Assunção, Aguinaldo e muitos outros. Esse foi um dos motivos que nos motivou a praticar o ludopédio.