NO CAMPEONATO DA AMSULPAR O PAU CANTAVA – 1973

NO CAMPEONATO DA AMSULPAR O PAU CANTAVA – 1973

Coisas da bola

Coisas da bola são relatos de fatos vividos por mim, histórias contadas por amigos e outros frutos da minha imaginação.

Qualquer semelhança será puro acaso.

“Jair da Silva Craque Kiko”

Nos idos de 1973, foi organizado um campeonato de futebol amador com equipes dos municípios localizados no sul do Paraná, conhecido como Amsulpar. Os municípios formaram verdadeiras seleções. As rivalidades dentro e fora de campo faziam com que as partidas tivessem um cunho todo especial, principalmente no que diz respeito a garra e a vontade de vencer, que eram exigências do grande número de torcedores que se faziam presentes nas partidas.

Eu fazia parte do elenco de União da Vitória e, naquele sábado em Porto Vitória, jogaríamos contra a equipe da casa, equipe essa que era considerada favorita ao título, pois tinha montado um timaço. Basta dizer que naquela época, os atletas podiam jogar por qualquer município, bastava morar no sul do Paraná. Como a Cidade das Cachoeiras ofereceu melhores atrativos aos atletas (grana), os boleiros considerados craques se bandearam para lá.

A partida começou quente, com o adversário pressionando a todo tempo e, nós jogando em um esquema defensivo, explorando os contra-ataques. Em duas bolas espirradas para o nosso setor ofensivo, o meia  esquerda Casquinha fez dois tentos ainda no primeiro tempo. Como era de se esperar, na segunda etapa o time adversário veio com tudo, pressionando dentro e fora de campo (não existiam alambrados). Com pouca segurança para o apitador, ele apitava com uma parcialidade vergonhosa. Não precisa dizer que era a favor do time porto vitoriense.

Já no final do jogo, após perder o tempo de bola, cheguei atrasado em uma dividida e peguei o tornozelo do centroavante adversário que era o xodó do time (Gilson Carvalho). Adivinhem o que aconteceu? O árbitro não teve dúvidas, me expulsou. A torcida invadiu o gramado tentando me agredir. Protegido por policiais, corri até o nosso vestiário e fiquei trancado lá. Os torcedores mais exaltados tentavam derrubar a porta. Sentindo que a porta estava prestes a ceder e, não tendo outra alternativa, arrebentei umas tábua que estavam soltas no assoalho e me escondi embaixo dele. Para minha sorte, o time da casa conseguiu empatar já nos acréscimos arranjados pelo apitador, que após o gol de empate encerrou a partida. Com a partida encerrada, os torcedores que tentavam invadir o nosso vestiário foram dispersados. Mesmo assim, tivemos que ser escoltados até a saída da cidade pelo pouco policiamento que foi requisitado após o jogo.

Como esse acontecido já não era o primeiro na competição e o fanatismo dos torcedores pelos times de seus municípios estavam indo além do racional, o prefeito de União da Vitória achou por bem retirar a equipe da competição antevendo futuras confusões. Além de que, pessoas armadas e costelas quebradas já estavam virando rotina nas partidas.

Um outro fator de confusões foi o cunho político. Prefeitos querendo galgar degraus politicamente, participavam ativamente no comando de seus times inflamando os seus torcedores, tanto é, que jogos entre seleções dos nossos municípios vizinhos, naquela época, era bicho feio. Não era para qualquer “chutador pipoqueiro”, pois o pau comia.

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