O nosso time era muito bom, mas não estava conseguindo se encontrar dentro das quatro linhas. Nada dava certo e já tinha virado rotina uma derrota após outra. Em três anos tínhamos ganhado praticamente todas as competições disputadas. De repente, a coisa começou a degringolar e o futebol apresentado ficava aquém da nossa capacidade. Então, após uma reunião entre atletas e diretoria para descobrir o problema da queda de produção da equipe, chegou-se ao consenso que deveria ser contratado um treinador de nome. A diretoria, então, resolveu investir em um treinador medalhão e contratou um a peso de ouro para aquela época.
Na primeira partida sob seu comando, durante a preleção dentro do vestiário, o treinador, de posse de um campo em miniatura e com tampinhas de garrafas que simulavam os atletas, dava as instruções. Então falava, marca aqui, aproxima ali, corre lá…e vejam que no meu esquema nós vamos ter sempre um jogador a mais. E insistia que sempre sobrava um jogador naquela tática de jogo montada por ele. Observando melhor o campinho, percebi que no nosso time tinham doze tampinhas, e como sou bocudo e era o capitão do elenco, falei: “Também com doze jogadores sempre vai sobrar um”. Diante da minha intervenção, todo mundo baixou a cabeça pelo constrangimento que causei, inclusive o presidente do time que também estava no vestiário. O treinador, meio sem jeito, retomou a palavra e pediu para que esquecêssemos suas orientações e jogássemos o que sabíamos. Perdemos o jogo e, o pior é que foi para um adversário considerado fraco . O novo treinador foi demitido após a partida e, assumiu o comando da equipe o nosso querido presidente.