Na década de 1920, ferroviários (funcionários), resolveram formar um time para seus filhos. Iniciava-se a partir daí o União Esporte Clube, conhecido hoje como Glorioso e Vovô, por ser a equipe de futebol mais velha de nossas cidades.
Existem controvérsias sobre o ano de sua fundação, 1920 ou 1921. Vou ficar com 1920 por ter encontrado registros históricos e uma foto datada de 1920. Mas, oficialmente, segundo documentos e estatuto registrado na comarca, a equipe da baixada foi fundado em 1921.
A sua primeira diretoria era assim constituída:
1º Presidente – João Tênius
Secretário – Antiocho Pereira,
Orador – Elias Cleto da Silva
Tesoureiro – José Sobierai
Diretor Esportivo – Euclides Requião Sobrinho.
Estádio Antiocho Pereira
Em 02 de agosto de 1921 através da lei municipal n° 87 foi concedido ao União E.C. uma área de terra medindo 200 x 150, à margem esquerda do Rio Iguaçu, à Rua Coronel Amazonas, para seu campo. (Cleto da Silva, “Apontamentos Históricos de União da Vitória” 1768 – 1933).
Uma outra informação que poucas pessoas sabem é que o Estádio Antiocho Pereira foi cedido para a Associação Atlética Iguaçu, onde esta Associação se comprometia a construir um moderno estádio para a prática futebolística. Caso a Associação Atlética Iguaçu encerrasse ou suspendesse as suas atividades o patrimônio retornaria ao União. Em 07 de junho 1977, alegando não ter condições financeiras para construir o estádio o Iguaçu devolveu o patrimônio para o União E.C. que doou para a municipalidade de União da Vitória construir, na gestão do então prefeito municipal Gilberto Brittes, um centro esportivo, e que, o União E.C teria direito a uma sala no referido estádio (sala não inferior a 30m2) para utilizar como secretaria e guardar arquivos e troféus. Esta documentação está de posse da família Lima. Em virtude disso posso até lançar uma pergunta no ar. Não seria interessante que a equipe de cor encarnada utilizasse esta sala para expor o que resta do acervo e troféus? Troféus que aliás, muitos, desapareceram. Segundo justificam alguns, foi em virtude da enchente de 1983. Não poderia esta sala ser utilizada para a nova Liga de Futebol a ser formada, sonho de muitos, inclusive o meu?
Algumas conquistas e atletas
Entre tantos campeonatos ganhos podemos citar o bicampeonato de 1944/45 e os campeonatos de 1959 e 1964. De todos os títulos conquistados, talvez o de 1951 seja o mais importante. Foi tricampeão em um só ano, pois, foi campeão do torneio início, do campeonato e do torneio de encerramento.
Pelas suas fileiras passaram atletas de categoria como Doro, Natal, Rosalvo, Assunção, Chila, Betinho, Bertolotte, Farias, Alcir Sapo, entre tantos outros.
Quando se fala em União E.C. o primeiro nome que surge é o da família Lima, pois a agremiação, ao longo dos anos, foi dirigida por membros desta tradicional casta, inclusive o patriarca João de Lima, no ano de 1963, ajudou a construir com as próprias mãos o alambrado do Estádio da Baixada, além de que, seus filhos e netos também foram atletas. Não poderíamos nos esquecer também do saudoso Ariovaldo Huergo (Nuche) que além de atleta foi presidente e fazia das “tripas coração” pelo time da baixada.
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O atleta remanescente mais velho do União E.C.
Dorival de Lima conhecido pela alcunha de Doro, atacante tinhoso, nascido em 21-05-1928 é o atleta vivo mais velho do União E.C. Com uma lucidez de fazer inveja a qualquer jovem, relatou fatos inimagináveis do passado esportivo de nossas cidades. Jogou pelo União durante vinte anos. Com 15 anos, em 1943, vestiu a camisa cor de sangue pela primeira vez como titular. Atuando na maioria das vezes pela ponta esquerda disse-me que fez 19 gols de cobranças de escanteios, sempre com pé trocado e usando a seguinte tática: Colocava a bola com bico virado para frente. Nesta posição quando batia forte na bola a mesma não sofria nenhum efeito se deslocando numa trajetória reta. Quando chegava na trave perdia a força e devido ao peso bico caia quase que instantaneamente pegando o goleiro de surpresa (a bola era de tento – ver foto).
Bola de tento: O couro (capotão) tinha um rasgo por onde se colocava a câmara, então, enchia-se a mesma com ar dentro do capotão . Posteriormente era costurado aquele rasgo com um pedaço de tira de couro e após feito um nó e as pontas eram colocadas para dentro.
Por duas vezes esteve apto ao prêmio Belfort Duarte (troféu concedido para atletas a cada dez anos sem ter problemas disciplinares dentro de campo). Após encerrar a carreira como atleta abraçou o árduo trabalho de arbitrar partidas de futebol.
Perguntado por mim qual o melhor jogador que viu jogar, sem pestanejar disse, que foi o meia armador Alcides Assunção.
Como era funcionário da Rede Ferroviária sofria pressão para jogar pelo Ferroviário E.C., inclusive como represália, sofria ameaças de transferência para outras cidades.
Agradecimentos
Grande parte dessas informações foi devido a colaboração do Deja e Gilberto Lima, a quem agradeço por gentilmente me receberam em seu local de trabalho e não medirem esforços para me ajudar nesta reportagem.
Agradecimento especial ao amigo Doro Lima que me recebeu no aconchego do seu lar por duas vezes e me tratou como se eu fosse um membro da família.
Mais histórias
Para se ter uma ideia da organização, coleguismo e rivalidade existente dentro e fora de campo:
No ano de 1967 a equipe da seleção da LERI (Liga Esportiva Regional Iguaçu) fez um amistoso contra a equipe do Coritiba F.C, e neste embate, o atleta do União Dornelles sofreu uma séria contusão. A equipe do Glorioso custeou todas as despesas médicas e através de ofício junto a Liga pediu ressarcimento o qual foi prontamente atendido pela entidade.
Através de ofício o Avahi F.C. solicitou por empréstimo o goleiro do União E.C José Carlos Palu para defender a sua meta por um tempo determinado. Em reunião o departamento de futebol e o próprio atleta rechaçaram a possibilidade de em empréstimo, não dando o aval para a diretoria efetuar a cessão do atleta para a equipe “havaiana”.
A presente reportagem tem como fim lembrar um pouco da nossa boa história do futebol amador e homenagear o União na comemoração dos seus 94 anos, e porque não, mexer com os desportistas acomodados para possamos reativar ou fundar uma liga de futebol amador.
Sem alguém souber algo mais sobre o VOVÔ fique inteiramente a vontade para nos contar.
PARABÉNS UNIÃO E.C.
