BERTOLOTTE – UM GATO EMBAIXO DOS TRÊS PAUS

BERTOLOTTE – UM GATO EMBAIXO DOS TRÊS PAUS

BERTOLOTTE – UM GATO EMBAIXO DOS TRÊS PAUS

Não foi por opção própria e sim pelo estado físico. Os irmãos e amigos mandavam que fosse jogar de goleiro pois era “cheinho” para não dizer gordo. Desde as peladas com bolas de meia já atuava como guarda metas e aos poucos foi pegando gosto pela coisa e cedo já ficou sabendo que quem atuava embaixo dos três paus podia fazer uma viagem rápida do céu ao inferno.

Nascido em 16 de julho de 1938 na cidade da Lapa veio para União da Vitória com sete anos de idade, e em 1956  aos dezoito, estreava como gol quiper no esquadrão do Jacaré da Lagoa Preta, mais precisamente no time do São Bernardo Futebol Clube.

Defendeu vários clubes  de nossas cidades no auge do nosso futebol amador, entre eles, o São Bernardo, Avahi, Ferroviário e União. Também foi várias vezes campeão e entre a década de 1960 até 1970 defendeu como guapo a seleção da LERI (Liga Esportiva Regional Iguaçu).

Quem o viu atuar ficava assobrado com sua elasticidade que contrastava com sua baixa estatura. Exímio pegador de pênalti teve seu ápice como atleta na 1ª Taça Paraná no ano de 1964, onde defendeu várias penalidades e foi um dos principais protagonistas daquela inusitada conquista pelo Ferroviário E.C.

 

Fatos pitorescos

Com dezessete anos foi bater uma bola no time do Juventus e durante o treino cometeu uma falha. O, então,  presidente juventino Sr Armando Sarti o tocou para fora de campo dizendo que o mesmo nunca ia ser um goleiro.  Anos mais tarde quando tinha retornado do Rio de Janeiro, onde tinha ido prestar serviço militar, começou a atuar pelo elenco do Avahi,  e coincidentemente, foi decidir um campeonato contra equipe do Juventus no Estádio Municipal de Porto União. Fechou o gol, pegou até sombra. Então, foi a desforra com o Sr. Armando Sarti, falando: O Sr. viu a grande coisa que fez ao me expulsar daquele treino?  Hoje eu sou campeão em cima do teu time. O dirigente juventino perdeu a cabeça e quis bater no goleiro Bertolotte.

 

Em uma partida, também pela LERI, em São Mateus do Sul, o São Bernardo ganhava o jogo por um a zero. Quase no final do embate o árbitro marcou uma penalidade contra o time da Lagoa Preta (São Bernardo). Como naquele tempo não existiam alambrados ao redor do campo, a torcida se posicionou atrás do gol e começou a provocar o goleiro, dizendo que ele não pegaria o pênalti, pois o batedor nunca tinha perdido uma cobrança. O craque adversário bateu rasteiro bem no cantinho. Fazendo jus a fama de pegador de penalidade o Bertolotte voou e mandou a redonda para escanteio. Um torcedor invadiu o gramado e o soqueou.

 

No início da taça Paraná de 1964 era o goleiro titular da equipe do Ferroviário E.C. Na primeira partida o treinador não pode acompanhar a equipe e passou a escalação para seu auxiliar. Não se sabe o  porquê mas o auxiliar sacou o Bertolotte e escalou o outro goleiro. Devido ao fato, o ex goleiro titular abandonou a equipe e voltou a treinar no São Bernardo. Com o decorrer da competição o Ferroviário enfrentaria em casa a equipe do Real de Curitiba. Precisaria da vitória para decidir a vaga nas penalidades. Como era amigo do goleiro que vinha jogando, foi procurado pelo mesmo para que voltasse, pois se precisasse decidir nos pênaltis ele confiava no Bertolotte. Combinaram que quando faltasse um minuto para o término da partida o Bertolotte entraria no jogo. Conforme combinado entre os goleiros tudo foi feito a revelia do treinador que não aceitou a ideia, inclusive a imprensa presente na hora do fato questionou, alegando que o goleiro entrou frio.

Terminada a partida em empate a decisão foi para cobranças de penalidades. Na primeira série de cobranças houve empate em 2 a 2. O goleiro Bertolotti pegou uma penalidade e nosso batedor chutou um pênalti para fora.

Na segunda série o Bertolotti pegou as três penalidades e se dirigiu para o vestiário, pois contava com a classificação garantida. Já tinha tirado as meias, quando foi chamado para voltar ao campo. O nosso batedor tinha desperdiçado as três cobranças.

Na terceira série o nosso goleiro pegou uma penalidade e o nosso batedor perdeu uma, portanto mais um empate em 2 a 2.

Na quarta série o Bertolotte pegou mais um e o batedor do Ferrinho  converteu em gol as três cobranças.

Resultado final das penalidades 7 a 6 para o Ferroviário Esporte Clube que garantiu a vaga para disputar a finalíssima da competição.

 

Enquanto atuava pelo Avahi tinha um irmão que defendia as cores do São Bernardo. Em uma ocasião se enfrentaram e durante a partida a equipe do Avahi sofreu uma penalidade máxima. O encarregado da cobrança foi o seu irmão. O pai de ambos, que estava assistindo o embate,  quis proibir a cobrança pelo irmão para evitar desavenças pessoais entre os manos.  Mesmo assim “o irmão bateu e o irmão defendeu” e não houve briga na família.

 

Como na família os três irmãos eram atletas e atuavam em equipes diferentes o seu patriarca resolveu que os mesmos deveriam jogar no mesmo time, então sua prole masculina começou a defender as cores do São Bernardo. Em dias de jogos o almoço feito pela mãe era uma comidinha leve para não comprometer a atuação dos “meninos”. Já durante o jantar a mesa era farta, onde sentados ao redor da mesa, ouviam os comentários do pai que falava da atuação de cada um durante a partida.

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