Tirando proveito da sua velocidade, dianteiro que atuava pelas extremas do gramado, dás cercanias do Jararaca, localidade interiorana do Município de Paula Freitas-PR, o jovem de tudo, nascido em 03 de abril de 1948, então com 18 anos, Adão Orlando Carneiro de Campos dava o ar da graça nas cidades irmãs para defender as cores do União Esporte Clube nos certames organizados pela famosa L.E.R.I. – Liga Esportiva Regional Iguaçu, entidade do futebol amador de Porto União da Vitória. Famoso pelas atuações no interior de Paula Freitas e arredores, pela sua habilidade e velocidade recebeu o aval do treinador João Maria Tavares e passou a fazer parte do elenco da “baixada unionense”.

Naquele quase final do ano de 1967, o Estádio Enéas Muniz de Queiróz, com seu famoso tapete verde que fora pisado por grandes esquadrões do futebol paranaense, estava lotado de torcedores para assistirem a um cotejo entre os tradicionais rivais, Ferroviário E.C., campeão da primeira Taça Paraná, e União E.C., que além ser várias vezes campeão da Liga era o esquadrão mais antigo, também conhecido como “Vovô” da baixada. Aquela contenda de extrema rivalidade ficaria marcada para sempre na mente do jovem Adão Orlando Carneiro de Campos, pois ao ser escalado pela primeira vez para honrar as cores coloradas, o fez com maestria, acima do esperado, quando balançou as malhas por três vezes na segunda metade do tempo regulamentar.

Ainda em 1967 defendendo as cores do União no certame de aspirantes, protagonizou mais uma vez dentro das quatro linhas do Estádio da Caixa D’água. Na segunda contenda que decidia o título, fez um tento aos 30 minutos da etapa inicial, e outro aos 3 minutos da etapa derradeira, praticamente ajudando a fechar o caixão do quadro do Ferroviário, quando o União se tornou campeão na categoria, inclusive o Adão foi o artilheiro do certame. Como em 1968 o União se licenciaria da L.E.R.I. para tentar se organizar e construir o seu novo Estádio, Adão foi contratado pelo São Bernardo F.C.

Atuando pelo esquadrão bernardino da Lagoa Preta, num confronto contra o Ferroviário, novamente no Estádio da Caixa D’água, depois de tanta fumaceira que armou em cima do lateral que não conseguia marcá-lo, instigado pela torcida, o marcador teve que apelar para contê-lo e desceu o sarrafo. Em uma jogada dividida Adão teve o seu tornozelo machucado seriamente. Tal contusão o obrigou a ficar praticamente um ano fazendo tratamentos para uma possível recuperação, que o alijou de participar de mais jogos pela L.E.R.I. e teve a sua futura contratação pelo Água Verde, da capital paranaense, deixada de lado.

Como meio de sobrevivência e para custear a vida familiar Adão começou a laborar na empresa Bordin S.A. Industria e Comércio, onde trabalhou por 29 anos, aliás, seu único registro em Carteira de Trabalho, inclusive foi escolhido pela empresa como operário padrão para representá-la no SESI. Defendendo as cores da empresa em certames organizados pelo SESI foi sete vezes campeão regional e uma vez campeão estadual. Por quatro anos foi o artilheiro da competição.

Ao longo da sua trajetória futebolista, Adão Orlando Carneiro de Campos defendeu as cores dos esquadrões amadores do União Esporte Clube, Bordin S.A. Ind. E Com., São Bernardo Futebol Clube, S.O.S. Amizade e Cidade Jardim. Com o passar do tempo a prática do esporte bretão já lhe trazia dificuldades físicas, coisa normal nesta modalidade de esporte. Então, já com 47 anos, decidiu mudar de atividade esportiva, passou a se dedicar ao atletismo, mais especificamente às corridas de rua, modalidade que levava jeito, porque em 1977 ao defender a sua empresa que participava dos jogos do SESI, surpreendendo a todos quando correu calçando um kichute, subiu no lugar mais alto do pódio. Nessa modalidade começou a se destacar participando de provas importantes dentro e fora do nosso querido Brasil. Aos poucos foi mostrando suas qualidades em competições tradicionais em vários Estados brasileiros. Fala de boca cheia que já representou nossas cidades sempre conseguindo um lugar ao pódio na sua categoria. Entre tantos feitos, também se orgulha de ter participado da Corrida de São Silvestre. Além dos muitos títulos no país, deixou a sua marca no exterior honrando com muita glória as nossas cidades e o nosso país. Conseguiu o tricampeonato de maratonas internacionais da América Latina. Venceu em 2012 a maratona de Punta del Este, no Uruguai. Em 2013 venceu a maratona de Mar del Plata, na Argentina. Em 2015 também subiu ao lugar mais alto ao vencer a maratona em Santiago do Chile. Ainda no exterior conseguiu a quarta colocação na meia maratona em Assunção, no Paraguai.

Por tantos feitos, levando o nome das nossas cidades aos mais longínquos rincões, merecidamente, Adão foi laureado com moções nas duas câmaras legislativas dás cidades. Frisa sempre em tom de agradecimento, às pessoas que o ajudaram. Eterno agradecimento pela Prefeitura de Porto União, que sempre o ajudou a representar o nosso chão.

Adão Orlando Carneiro de Campos, primeiro varão de uma leva de onze irmãos, em toda sua trajetória de lutas com vitória e derrotas, sempre esteve de bem com a vida e com as pessoas. Foi um privilegiado em ter ao seu lado aquela que escolhera para ser sua companheira e que se tornou o baluarte da família, dona Ivonete Carneiro de Campos. Casados há 53 anos levam uma vida familiar de dar inveja. Desta união abençoada por Deus tiveram três filhos homens, Joel, Gilson e Adriano, e uma filha chamada Joelma. Também a família Carneiro de Campos foi presenteada pelo Papai do Céu com onze netos e um bisneto.

Quem conhece Adão Orlando Carneiro de Campos sabe da pessoa ilibada que é. O seu caráter pode ser colocado à prova. A sua humildade, o seu esforço, as vezes com muita superação, e principalmente, de dedicação para com a família, fazem com que seja muito respeitado e admirado. Por onde passou e passa, Carneiro, como é conhecido, amealha amizades.

Por tudo acima relatado, Adão Orlando Carneiro de Campos passa a fazer parte da coluna do site esportivo coisasdabola.com.br como “Eles fizeram e fazem a diferença”.

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