COISAS DA VIDA DE FATO

COISAS DA VIDA DE FATO

Do escritor da periferia – Craque Kiko.

E, foi inventado o “laquê”.

Primeira sexta-feira do mês. Ele recebeu o envelope com o pagamento. Na bocarra da noite foi para um lupanar, precisava de um carinho feminino. Encheu os cornos. Na metade da noite caiu em sono. Roncou. No clarear do dia, acordou. Não conseguiu atinar onde estava. Jogou ao chão aqueles cobertores que estavam lhe dando coceiras e levantou-se daquele colchão estranho. Ainda com a cachola zonza precisava tirar as remelas para conseguir enxergar melhor e acordar de fato. Viu no chão uma bacia de alumínio com um pouco de líquido. Se ajoelhou e lavou o focinho. Encharcou os cabelos e alinhou com uma escova já surrada pelo uso e cheia de fiapos de cabelos, que estava sobre uma cômoda por ali.

Já avivado, tentou se situar. Começou, então, a sentir um cheiro esquisito. Nisso, uma fulana com os cabelos despenteados parecendo o bicho-papão, naquele cômodo apareceu. Pediu para que ele pagasse pela noitada de orgia. A ficha caiu, ele estava na zona do baixo meretrício. Meteu as mãos nos bolsos, nem poeira achou. Tentou atinar. Lembrou, que por precaução havia escondido os minguados dentro de um dos pés de sapato, o com a sola não furada. Pagou a “moça” e começou a se locomover para o ponto da lotação, ali perto. Ouviu quando a dama da noite lhe falou, que ele tinha lavado o rosto e molhado o cabelo com o xixi que ela tinha feito dentro daquela bacia. Puto da cara, sentado na poltrona do busão sentiu a catinga infestando o ambiente. Abriu a janela e colocou a cabeça para fora. Nem com o vento pela feição o seu penteado foi desfeito. Descobriu-se, então, uma das fórmulas para se produzir o dito “laquê”, fixador de cabelos femininos, e a posteriori, o gel para cabelos daqueles que se acham do sexo forte, não muito.

Comente pelo Facebook

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *