DOUGLAS FRANCISCO CHILA ( Craque Chila).
Na madrugada dessa quarta-feira, 03 de junho, veio a óbito o amigo Chila. Craque dentro e fora dos tapetes verdes. Seus marcadores, nas vésperas de jogo, perdiam o sono, pois sabiam da inglória tarefa de marcá-lo. Fora dos gramados não incomodava ninguém, sossegado, amigo de todos era um verdadeiro gentleman. Nunca tirou proveito da sua fama. A humildade era uma de suas principais características. Como seu fã e reconhecimento pelo que fez pelo futebol amador da nossa querida terra, tive o prazer de homenageá-lo em vida, quando do lançamento do livro: BOLA DE CAPOTÃO – Craques de Porto União da Vitória, a história não os esquecerá. Vá em paz meu Amigo.
Um pouco da sua trajetória
Conhecido nos meios esportivos como Chila, nasceu em 29 e outubro de 1947. Com oito anos já dava os primeiro chutes em uma bola no estádio da baixada, antigo estádio Antiocho Pereira. Com doze anos começou a defender as cores do time do América do Deja, disputando o campeonato no Colégio São José. Aos treze, convidado pelo Sr. Atanazildo Bastos Nogueira (Zildo), passou a atuar pela equipe do São Bernardo. Aos quatorze anos, já ficando famoso por saber driblar para os dois lados e ter uma velocidade descomunal, foi lançado pelo Sr. Ariovaldo Huergo (Nuche) na equipe titular do União E.C., onde começou a colecionar títulos. Foi tricampeão nos anos de 1964,1965 e 1966 jogando pelas categorias de aspirantes e titulares. Naquela época era permitido defender as duas categorias.
No ano de 1967 passou a defender as cores do Avahi F.C., e para tal, ganhou bicicleta, televisor e um carrinho para nenê. Foi campeão naquele ano e disputou a Taça Paraná da Federação Paranaense de Futebol, maior campeonato de futebol amador do Brasil.
Em 1969, foi convidado pelo Sr. Bernardo Stamm para trabalhar na madeireira Bernardo Stamm e jogar para o São Bernardo. Foi morar em uma casa dentro do estádio da Lagoa Preta e ganhou toda a mobília. O São Bernardo foi campeão daquela temporada.
Em uma partida amistosa contra o time do Clube Atlético Paranaense, o Chila deu um suador no lateral Djalma Santos, ex-atleta campeão do mundo pela seleção brasileira. A partida terminou em 03 a 01 para o time da capital. Por essa atuação foi convidado para fazer testes no time da capital. Ficou cinco dias e, por saudades de casa voltou para União da Vitória.
Após uma partida amistosa contra a equipe do Apucarana no Estádio Municipal de Porto União, por seu desempenho, foi convidado e fez testes no time do centro norte paranaense, também não ficou por saudades da terra natal.
Ainda em 1969 foi levado pelo treinador Paulo Alves para atuar pela equipe profissional do Operário de Ponta Grossa. Ficou treinando três meses e após ser despejado do hotel onde estava hospedado, a diretoria do Operário não pagou o hotel, foi morar juntamente com os demais atletas embaixo das arquibancadas do Estádio Germano Krüger. Retornou para União da Vitória.Também teve propostas do Palmeiras de Pato Branco e Sadia de Concórdia.
Com a formação da equipe profissional da Associação Atlética Iguaçu, foi convidado e fez parte do elenco. Dentre os atletas do futebol amador que defenderam as cores iguaçuanas foi o que mais atuou no Campeonato Paranaense de 1971/1972. Mas, desiludido com certos diretores e atletas profissionais que tinham a sua panelinha, sacaneavam os amadores, e também pelo pouco reconhecimento salarial pensou parar de jogar futebol profissional, pois na semana que antecedeu a partida na capital paranaense contra o Colorado, no Estádio Durival Britto e Silva, treinou no time de cima, inclusive viajou escalado como titular da equipe. Momentos antes de começar a partida, alegando que foi pressionado por vários atletas que se recusavam a entrar em campo se o outro ponteiro não jogasse, o treinador Osvaldo Freitas pediu para o Chila ficar na reserva. Se sentindo sacaneado o Chila retirou o agasalho e foi sentar nas arquibancadas juntamente com a grande torcida iguaçuana que tinha viajado para prestigiar o time, além de que, não voltou com a delegação, voltou de carona. Foi multado em 35% de seu salario.
No desenrolar do campeonato fato semelhante aconteceu num jogo em Maringá, viajou escalado como titular, mas foi preterido e ficou no banco de reservas. Com esses fatos, resolveu parar de jogar futebol profissional e não foi mais treinar. Aconteceu que para o jogo contra a equipe do Mourãoense, no estádio Enéas Muniz de Queiroz, a Associação Atlética Iguaçu não teria atletas suficientes para entrar em campo.Vários jogadores estavam cumprindo suspensão automática e outros estavam no departamento médico. Diante desses fatos, a mando do presidente Ricardo Gianordoli, o Chila foi procurado pelo preparador físico Arnaldo Dela Giácomo, que lhe informou que o presidente queria ter uma prosa com ele. Após a conversa com o presidente a sua multa salarial foi esquecida e o Chila atuou no domingo na vitória contra o Mourãoense, ademais, fez um dos gols na vitória por dois a zero.
Em meados de 1972 encerrou sua carreira de profissional e voltou a atuar no futebol amador pelo São Bernardo. Arrumou um trabalho na empresa Unger e se aperfeiçoou na profissão de soldador, onde trabalhou por 27 anos. Por 16 anos arbitrou jogos dos campeonatos amadores de Porto União da Vitória e região. Exerceu por vários anos a função de soldador da Prefeitura Municipal de União da Vitória. Atualmente estava aposentado e vinha se recuperando de problemas referente à saúde.