Enfim, chegaram as finais da olimpíada interna da empresa onde eu trabalhava. Classificada para a fase final na modalidade de futsal, a nossa equipe se dirigiu até a capital paranaense onde defenderíamos com garra o interior do Estado. A ansiedade era grande, tendo em vista que, raras vezes, tínhamos a oportunidade de viajar até a grande Curitiba.
Instalados em um hotel na área central, saímos para dar um rolê, eu e o meu amigo Pira. Andando pelo centro, nosso objetivo era a tão falada Rua XV. Aquela muvuca de pessoas em movimento era um colírio para nós, matutos do interior do sudoeste, sim do interior do interior, lá onde o capeta perdeu as botas.
Já no famoso calçadão da Rua XV, nos defrontamos com um aglomerado de pessoas paradas em torno de um rapaz que com três dedais em cima de uma mesa escondia um dadinho aleatoriamente embaixo dos dedais. Quem acertasse em que dedal o dadinho estivesse escondido ganhava a aposta. Curiosos e sem apostar nada, ficamos olhando as pessoas apostarem. Por incrível que pareça sempre adivinhávamos onde o dado estava, não erramos nenhuma vez. Então, a ganância e a vontade de ganhar dinheiro fácil tomou conta de mim e do amigo Pira. A dúvida entre nós dois era se apostávamos pouco ou todo nosso dinheiro. Pensamos e decidimos, pois “era calça de veludo ou bunda de fora”. Apostamos tudo o que tínhamos de grana, queríamos ganhar rápido, não desejávamos perder tempo, afinal, Curitiba precisava ser desvendada por nós. Quando pusemos em cima da mesa o dinheiro para apostar o rapaz levou um susto (ou fingiu) e perguntou se nós queríamos quebrar a banca. Mais que depressa, metidos a galo, falamos: “Com a gente o buraco é mais embaixo”. Nesse ínterim, o número de pessoas ao nosso lado já tinha duplicado, todos na expectativa, afinal a aposta não era pequena. Tamanha a nossa certeza de acerto, que pressionamos para que o jogo fosse agilizado. Com os três dedais em cima da mesa, o dadinho foi escondido. Apostamos. Ficamos só com o pó do bolso e com a bunda de fora.