FERROVIÁRIO E.C. – CURIOSIDADES DA TAÇA PARANÁ DE 1964

FERROVIÁRIO E.C. – CURIOSIDADES DA TAÇA PARANÁ DE 1964

Contou-me um atleta que fez parte daquele elenco, que após a conquista do título recebeu um envelope com certa quantia em dinheiro, era o prêmio pelo feito. Nunca tinha visto tanta grana. Ele, juntamente com mais dois amigos chegados, foram então para a esbórnia, uma Zona do Baixo Meretrício, “bocada” ali na Rua Cruzeiro, na descida para o bairro Santa Rosa, conhecida pelos amantes da fuzarca com Xiringa. Juntamente com quatro mariposas, ficaram três dias vivendo na luxúria. Quando o dinheiro estava nos finalmente, no terceiro dia, de madrugada, foram embora. Saíram da Zona e foram a pé até o centro de Porto União, no Bar Cometa, na praça Hercílio Luz, onde com o restante da grana comeram três pastéis e foram para suas casas só com o pó no bolso.

No elenco tinha um atleta com o apelido de Pingue. Perguntado sobre a origem da alcunha ele deu a seguinte explicação: “Como era um avante de velocidade, gritava para os meias armadores para pingarem (lançar a bola) nas costas dos zagueiros”. Daí veio o apelido de Pingue.

Nas viagens, quando a equipe pernoitava em outras cidades tinha um atleta que repetia várias vezes o café da manhã. Perguntado para onde ia aquela comida, pois ele era fininho, ele respondia que aquela comida ia para a perna, dizia que tinha uma perna oca.

Este mesmo atleta, antes de todas as partidas tinha que comer um sanduiche. Inclusive no intervalo do jogo comia mais um sanduiche com bananas. A diretoria já estava ao par e, sempre a merenda estava lá para ser degustada pelo jogador. Ele tinha um fôlego de gato e corria como se tivesse um motorzinho nas pernas. Esse craque era conhecido como Bepe.

Durante as viagens, quando iam jogar fora de seus domínios, um dos atacantes preferia sentar em uma poltrona nos fundos do ônibus, pois durante o deslocamento do busão, andava peidando pelo corredor e dizendo: “ Só paro de peidar se o treinador me der a garantia que vou sair jogando. Comentam alguns atletas que fizeram parte daquele time, que a catinga era insuportável. Esse jogador era conhecido como Tanque Jipão.

No início da Taça Paraná, Bertolotte era o goleiro titular da equipe do Ferroviário E.C. Na primeira partida, o treinador não pode acompanhar a equipe e passou a escalação para seu auxiliar. Não se sabe o porquê, mas o auxiliar sacou o Bertolotte e escalou o outro goleiro. Devido ao fato, o ex-goleiro titular abandonou a equipe e voltou a treinar no São Bernardo. Com o decorrer da competição, o Ferroviário enfrentaria em casa a equipe do Real de Curitiba. Precisaria da Vitória para decidir a vaga nas penalidades. Como era amigo do goleiro que vinha jogando, Bertolotte foi procurado por ele para que voltasse, pois se precisasse decidir nos pênaltis ele confiava no amigo que era bom pegador de pênaltis. Combinaram que quando faltasse um minuto para o término da partida, o Bertolotte entraria no jogo. Conforme combinado entre os goleiros, tudo foi feito a revelia do treinador que não aceitou a ideia, inclusive a imprensa presente na hora do fato, questionou, alegando que o goleiro entrou frio.

Tendo vencido a partida e empatado na prorrogação, a decisão foi então para cobranças de penalidades.

Cada equipe efetuaria a cobrança de três penalidades seguidas. Para o Ferroviário bateria o Joanides (pai o Gilson Parabólica), pois os batedores oficiais, Aguinaldo e Nico não se sentiram em condições de efetuar as cobranças.

Na primeira série de cobranças houve empate em 2 a 2. O goleiro Bertolotti pegou uma penalidade e nosso batedor chutou um pênalti para fora.

Na segunda série, o Bertolotti pegou as três penalidades e se dirigiu para o vestiário, pois já contava com a classificação. Já tinha tirado as meias, quando foi chamado para voltar ao campo. O nosso batedor tinha desperdiçado as três cobranças.

Na terceira série o nosso goleiro pegou uma penalidade e o nosso batedor perdeu uma, portanto mais um empate em 2 a 2.

Na quarta série, o Bertolotte pegou mais um e o batedor do Ferroviário converteu em gol as três cobranças.

Resultado final das penalidades, 7 a 6 para o Ferroviário Esporte Clube, que garantiu a vaga para disputar a finalíssima da competição, onde foi campeão.

O meia atacante Nilson Gilson Parise, o Nico Parisi, foi o artilheiro da equipe com 05 gols.

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