INAUGURAÇÃO DO CAMPO DO VAI JÁ

INAUGURAÇÃO DO CAMPO DO VAI JÁ

Coisas da bola

Coisas da bola são relatos de fatos vividos por mim, histórias contadas por amigos e outros frutos da minha imaginação.

Qualquer semelhança será puro acaso.

“Jair da Silva Craque Kiko”

Naquele domingo, início do verão do ano 1985 seria inaugurado o campo da localidade do Vai Já, lugarejo pertencente ao município de Dois Vizinhos no estado do Paraná. A programação para aquele dia era a realização de um torneio de futebol e no final da tarde haveria uma partida amistosa entre equipe da Copel/Usina/JMF (empresa que eu trabalhava) x Vai Já. O campo que seria inaugurado era todo de terra batida e ficava ao lado da igreja.

No decorrer da partida amistosa, lá pelo meio do segundo tempo, o juiz apitou uma falta ao nosso favor, a uns dez metros antes da risca da grande área adversária. Sendo eu atleta do time da Usina fui encarregado de cobrar a infração. Fiz um montinho de terra, ajeitei a bola com carinho, me distanciei o suficiente e corri para bater a falta. Acertei um tirambaço que o goleiro nem viu por onde entrou a redonda. Como as traves não possuíam redes, a bola atingiu bem no “pé do ouvido” de um torcedor que estava fumando um cigarro de palha atrás do gol. Como consequência, o torcedor foi levado desmaiado para dentro da igreja onde foi socorrido.

Meses mais tarde, um colega de trabalho me convidou para irmos buscar mimosas em um sítio de um conhecido dele. Como estava sem fazer nada aceitei o convite e fomos no seu Ford Corcel. Estávamos trepados em uma mimoseira quando o meu amigo desceu rápido, entrou no carro e saiu em alta velocidade. Nisso vi chegando um senhor montado em um cavalo, e eu lá na copa da mimoseira.

Moço! você sabe que isso aí tem dono? disse o homem a cavalo.Tentei justificar explicando que tinha sido convidado pelo meu amigo achando que ele tinha autorização para apanhar as mimosas. O homem falou em um tom firme, que só tinha uma maneira de resolvermos a questão. Era eu pagar por todas a mimosas que estavam dentro do saco quase cheio. Expliquei que pagaria só que não tinha dinheiro ali, mas me propunha a ir buscar em casa e retornaria. Me identifiquei dizendo que morava lá na usina da Copel, que era jogador de futebol no time do 7 de Setembro e que o meu nome era Kiko e era gente boa. Então você é o famoso Kiko disse o homem. Você já me deve uma pedra. Foi você quem me acertou uma bolada e desmaiei lá no campo do Vai Já!. Quando ouvi aquilo me deu uma tremedeira e senti o garrão amolecer. Vendo o meu estado, o senhor pediu para eu me acalmar e descer da mimoseira.

O homem desceu do cavalo sentou junto comigo na sombra das árvores frutíferas e ficamos conversando. Em pouco tempo estávamos dando risadas. Para encurtar a história eu fui para casa a cavalo levando o saco de mimosa que acabara de ganhar. Antes de voltar para o seu sítio o homem do cavalo me deu um conselho. Era para eu me cuidar com o meu pseudo-amigo que tinha me abandonado lá no mimosal.

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