Era o jogo da volta. A promessa era grande e o adversário sabia que o bicho ia pegar. No primeiro turno houve um empate em zero a zero e o pau quebrou lá em Pato Branco. Tudo estava preparado para a batalha. Leões de chácara, meninos com tomates, ovos podres e torcida preparada para guerra. Isso fora de campo. Lá dentro das quatro linhas não seria diferente, com um agravante, o nosso goleiro estava tão possesso e tinha me confidenciado que levaria uma arma para o gol. Ele queria pegar o jogador adversário que o tinha agredido no primeiro jogo. A equipe do Palmeiras de Pato Branco pediu proteção policial. O delegado de polícia de Clevelândia, Dr Kandrik, horas antes do jogo, avisou que o nosso goleiro não poderia jogar e que se entrasse em campo, ele suspenderia a partida. E onde arrumar um goleiro? Quem jogou em Clevelândia sabe que lá não se contratava goleiro reserva, pois o goleiro titular era presidente, treinador e diretor de futebol. Enfim, o homem mandava mesmo.
Na hora da partida, o nosso time entrou em campo com um goleiro juvenil, o Tilica. Nós jogadores ficamos preocupados, pois se obtivéssemos uma vitória perderíamos os pontos e o time seria eliminado. E como ficaria o nosso emprego? O piá não era registrado na federação. Para surpresa geral, apareceu uma ficha com o piá registrado. O representante da federação nem percebeu que a ficha era falsa tamanha foi a qualidade da falsificação. O jogo transcorreu normalmente? Mais ou menos. Não deu briga, mas cada dividida era uma lasca de carne que saía dos adversários. O juiz fazia vistas grossas. Empatamos novamente e estávamos classificados e, decidiríamos o turno contra a equipe do Apucarana.
Nessa partida havia mais policiais que torcedores. Aconteceu no ano de 1977.
Obs: Esta resenha é uma homenagem ao finado amigo Nego Jaime. Grande goleiro do Tabu de Clevelândia. Conhecido no meio esportivo em todo o Paraná.