Antes de começar o certame da L.E.R.I – Liga Esportiva Regional Iguaçu de 1959, quatro esquadrões eram vistos pela torcida, imprensa e pelos catedráticos do ludopédio, como favoritos para abiscoitar o cetro máximo, Ferroviário, União, Avahi e Juventus. Dos considerados maiores, o São Bernardo, por ter uma turma, que ao lume dos desportistas, era tecnicamente vulnerável, foi vista como uma mera afiliada da Liga e não ascenderia a lugar nenhum, como não chegou.
O Ferroviário E.C, pentacampeão 1954/55/56/57/e 58 era visto como o bicho papão, grande predileto, mas a estafa dos seus futebolistas chaves, Heitor, Vilanova e Azamor, mais as machucaduras de Cará, Ruskinho e Edgar, fez com que o esquadrão da estação tivesse somente uma presença pálida e não foi aquela máquina conhecida, passando a ser um mero e despretensioso casual aspirante ao caneco.
Do Juventus F.C. esperava-se uma participação igual ou superior ao ano santo, 1950, quando levou de roldão e triunfou fácil naquele certame. Ainda que tivesse mostrado alguma regularidade nas suas atuações nessa batalha de 59, ficou muito longe de ser um escrete para ficar na ponta de cima da tabela. Teve atuações, regulares, discretas e péssimas.
O São Bernardo F.C. o menos favorito, aos poucos foi chegando pela marginal e como não aspirasse nada, conseguiu uma colocação honrosa mesmo tendo performances abaixo do mínimo esperado. Foi um onze que nunca manteve um ritmo regular nos desafios. Faltou-lhe além de mais, uma linha dianteira impetuosa para ao menos equilibrar com a atuação da sua cozinha, seu ponto de pico.
A.E.R.B. São Cristóvão, por ser um bando que ascendeu da segunda divisão, não exibiu nada que justificasse a sua participação na elite do certame. No além 1959, com bom pulso, mais disposto e com abundantes reforços, poderá se constituir em uma agremiação, que na pior das imaginações não apanhe com longa margem de tentos, como foi nessa temporada.
O Avahi F.C., possuía o melhor plantel das cidades. Isso ninguém contestava. Em cada disposição dentro do palco verde dispunha de um “cobra”. Desde o guarda metas até o ponteiro esquerdo, o quadro da considerada sociedade elite das cidades irmãs, tinha no seu onze um craque, mas com as novas contratações começou mal o certame, perdendo quatro pontos que não estavam no gibi. Atuando num 4-2-4, tão usado na atualidade, com jogadas rápidas e rasteiras, na medida e no vazio, o esquadrão até que convencia mas não ganhava as partidas, principalmente por causa das firulas.Tinha virado um bando de vedetes e era o máximo que se poderia esperar. Não vencia, parecia praga de madrinha.
Com as indústrias e comércio aguentando o rojão financeiro, várias contratações foram efetuadas a alto quilate de ouro, mas esse artifício perdeu-se antipaticamente, pois os craques da cidade se sentiram ofendidos, mau valorizados e simples joguetes. Foi contratado um arqueiro, Barbosa, no início com altos e baixos, era mais uma vedeta. Trouxeram um ponta de lança goleador, Zequinha, boa pinta, mas desempenho que é bom, neca. O rapaz foi às favas, logo. Contrataram um técnico, Raimundo Silva, mais conhecido por “Pratinha”. O dito cujo preparador fez declarações arrojadas ao assumir o posto, dizendo e jurando por tudo que é santo que em um mês o tricolor do Avahi deixaria de conhecer derrotas. Porém não disse que também não ganharia. A verdade é que os jogadores oriundos das cidades irmãs, principiaram em dar para trás com as novas orientações de Pratinha e, então, o arqueiro Barbosa passou a levar o onze avaiano nas costas. Aliás, Pratinha, nunca se soube de onde e a que veio, pois jamais chegou a apresentar qualidade razoável como orientador técnico. Sob sua batuta, o Avahi, perdeu estrutura tática, perdeu o belo de seu futebol e perdeu a personalidade. Voltou à estaca zero, onde todo mundo deu cartas e o barco tricolor avaiano navegou desgovernado. O Avahi, já não era a primeira vez, foi no conto da “pratinha”. Deu dinheiro a rodo às suas contratações, mas não viu um níquel de trabalho e nem um tostão de melhoria do esquadrão. Foi aí que o Avahi parou.
O União E.C., com muito mérito e reconhecimento integral da imprensa esportiva, foi sem sobre nenhuma de dúvidas o melhor quadro do certame de 1959 e se sagrou campeão, inclusive sendo parabenizado por seus adversários. Tudo começou com o decisivo apoio da sua diretoria ao plantel, dando total apoio sem interferir no comando técnico do Sr. Jorge Siqueira de Mello, que foi um maestro em modelar o elenco dentro das quatro linhas, até porque ele não aceitava opinião alheia, era cada um na sua função e remando em prol do “Vovô da Baixada”. O onze, desde o mais modesto até os craques eram tratados com respeito e da mesma maneira. O Sr. Jorge Siqueira de Mello colocou tudo no seu devido lugar, hierarquia, respeito, hora de brincar e hora das obrigações. Citamos como exemplo, o craque Natal (pós campeonato foi contratado pelo Guarani de Ponta Grossa – PR), que ficou na cerca por ter chegado um pouco atrasado para o treinamento. Se o esquadrão tinha bom desempenho e triunfava dentro do gramado, o treinador cumprimentava todos. Se sofria um revés, ou não seguia à risca suas orientações, os erros eram discutidos e corrigidos sem alarde público pelo “coach”. Com essas atitudes, o Sr. Jorge Siqueira de Mello pôs o União E.C. entre os sérios candidatos para abiscoitar o título, sempre com um trabalho organizado e paciente. Sob todos os aspectos, União E.C. ficou como o galã do espetáculo, invicto no certame e esbanjando futebol foi o grande campeão de 1959.
Destacaram-se na conquista do União e foram escolhidos para a seleção do certame os jogadores: Valdir Aliot, Ceslau Place Gus (Tcheco), Alcides Assunção, Darcilio Assunção e Rochinha.
Defenderam as cores do Vovô no certame de 1959:
Walter de Oliveira, Arnaldo de Oliveira, Valdir Aliot, Ceslau Place Gus (Tcheco), Alcides Assunção, Darcílio Assunção, Romeu Sochinha, Toninho, Paulo Roberto Teixeira (Paulinho), Luiz Rebinski (Barbosinha), Mário Brum, Olívio Klozinski, Rochinha e Dorival de Lima (Doro).