O parto fora difícil naquele 28 de agosto. Às 15:40h daquela tarde de inverno, ensolarada, aparado por uma parteira na localidade do Jararaca, em Felipe Schmidt, num dos cantos do lado direito do Rio Iguaçu, deu o ar da graça neste mundo o primeiro varão da Lourdes e do Acir. O nome já estava decidido bem antes, seria Jair, em homenagem ao Jair da Rosa Pinto, craque do Vasco da Gama. O apelido, Kiko, foi uma homenagem à um amigo de paleta.
Ouvindo o tropel de cavalos, Acir saiu à varanda. Era o sogro e a sogra, que por uma intuição, quando um canarinho sentou na mesa da cozinha e não parava de cantar, pressentiram no ato – nasceu o filho da Lourdes, pois não tinham contato, as relações estavam cortadas pelo sogro – não aprovou o casório da filha – o genro nem pó no bolso tinha.
Acir, saindo à varanda, com o pequenino nas mãos, sem receio e sem mágoas, levantou-o por sobre a cabeça, e com o seu peito estufado, soltou a voz: Eis o teu primeiro neto. Pegando aquele pequeno enrolado em um cueiro, o sogro e sogra se ajoelharam e pediram perdão.
Muito doentio, por duas vezes aquele pequeno teve colocado em suas mãos uma vela acesa, diziam – era para retornar com claridade ao Papai do Céu, mas Ele tinha outros planos. Àquele pequeno já estava destinado a ficar por aqui por um longo tempo. Ele teria que fincar muitos mourões. Setenta anos passaram, creio que muitos finquei. Gratidão, gratidão, gratidão… sempre gratidão ao Papai do Céu.




