UMA HISTÓRIA DE PRESSÃO

UMA HISTÓRIA DE PRESSÃO

Causos da vida real são relatos de fatos vividos, histórias contadas por amigos ou frutos da minha imaginação. Qualquer semelhança será puro acaso.

Do contador de histórias e escritor da periferia – Craque Kiko.

Desde piá, pelo sedentarismo e viço, o vivente Pipa dava indícios que poderia ter problemas futuros, pois sua pressão arterial seguidamente lhe aprontava. Tendo encontrado um doutor bom, aliás, difícil naqueles idos, que receitou um simples medicamento e orientou mudanças no hábito diário, Pipa ficara esbelto e sua estada por este chão seguiria na normalidade. Tivera um percalço ou outro, um desses, após ter tomado umas biritas a mais e cair de cima da carroceria de um caminhão, quando voltava junto com muitos torcedores depois de um prélio futebolístico na localidade do Maratá, interior do município de Porto União. Quebrara o braço esquerdo, e ainda que tenha ficado com sequelas, vivia feliz. De vento em popa a vida continuava a lhe sorrir.

Em um verão de lascar, já no final do ano letivo, num início de mês, um sábado pela manhã, dispensados das atividades na faculdade para participarem do programa de incentivo para doação de sangue, muitos alunos se faziam presentes naquela praça central, e junto deles estava o Pipa, que aliás, cursava o último período de Geografia.

Com os alunos dando o exemplo, todos por ali doando sangue, Pipa entrou na fila. Chegado a sua vez, teve a sua pressão arterial medida. Medida uma, duas e três vezes, a enfermeira chamou rapidamente o médico ali presente. Trocaram o medidor e a pressão continuava muito baixa e com variações. Perguntado se estava se sentindo bem, se não estava com vertigens, visão turva e confusão mental, ele disse que estava se sentindo um piá, mesmo estando com ressaca da fuzarca feita na noite anterior. Dando risadas ele disse que estava na flor da idade. Questionando, foi levado na correria para um hospital.

E, mede a pressão daqui e de lá, várias vezes. Com a leitura sempre muito baixa trocaram novamente de aparelho. As medidas continuaram baixas e instáveis. Pensou-se em colocá-lo na UTI como prevenção. Depois de tanto fuzuê, Pipa num atino de memória começou a dar risadas. Pediu que a medição da sua pressão fosse feita pelo braço direito.120 x 80 mmHg foi a leitura encontrada. Mais cinco medições feitas, todas iguais, consideradas normais.

Pedindo mil desculpas, tentando justificar o seu esquecimento, dizendo ser causado pelos goles ingeridos na noite anterior, Pipa disse que a sua pressão arterial deve ser medida pelo braço direito, pois no braço esquerdo, devido àquele acidente lá pelos cantos do Maratá, teve parafusado uma enorme placa de platina, que interfere na medição.

Levando um pito do médico e enfermeiros, Pipa voltou para aquela praça central, não mais para doar sangue, e sim para tomar umas geladas naquele conhecido barzinho, pois com o calor na copa dos paus não havia quem aguentasse. Já tendo molhado a palavra com vários copos de chope, num atino, começou a questionar. Puxa! Se com tantas medições que sugeriam uma anomalia grave, porque não tentaram medir a pressão pelo meu braço direito? Não perceberam a cicatriz? Só o fizeram quando eu relatei que tinha a placa de platina. Pensou, pensou e … “deixa pra lá”, resolveu continuar molhando a palavra, pois o calor estava infernal e aquele chope descia redondo.

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