Essa matéria, mais aprofundada, fará parte do livro sobre a história da Associação Atlética Iguaçu que deverá ser lançado nesse ano pelo Craque Kiko.
ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA IGUAÇU 02 X 04 CLUBE ATLÉTICO PARANAENSE – 05/03/1972
Prenunciando o que aconteceria nas arquibancadas do Estádio da Caixa D’água, a fuzarca já começou no sábado que antecedeu ao confronto. Vários torcedores soltaram rojões até de madrugada em frente ao hotel onde a delegação do Atlético estava hospedada não deixando os atletas dormirem. As provocações passaram para o lado de diretores das duas equipes, que em frente do Lux Hotel quase foram às vias de fato. Só não deu briga corporal porque o diretor do time da capital pipocou e correu. Também um veículo corcel que circulava pelo centro das cidades de Porto União da Vitória com uma bandeira do Atlético, teve a sua antena quebrada e a bandeira arrancada. Como esperado, tal rivalidade foi levada para as arquibancadas, pois ambas as torcidas trocaram ovos e um torcedor atleticano foi jogado da arquibancada quando o pau comeu solto, sendo que muitos torcedores, de ambos os lados, saíram com o lombo ardido de tanto levar pancadas dos paus das bandeiras. O pior do desfecho foi durante a partida com a grave contusão do atleta atleticano Lori que teve uma fratura no perônio.
Se por um lado os boleiros atleticanos não conseguiram dormir na véspera do embate devido a arruaça dos torcedores, os boleiros iguaçuanos também não dormiram porque foram liberados pelo novo treinador, Rui de Souza (assumiu o comando da equipe na sexta-feira) para participarem de uma festa e, vários deles encheram os cornos da mardita cachaça. Com essa atitude, o treinador, na segunda-feira, foi posto em viagem a toque de caixa…
Dentro das quatro linhas, principalmente na primeira etapa, o Fantasma da Fronteira não reeditava atuações anteriores e levou um passeio de bola, tanto é, que o placar parcial foi de 03 a 00 para o Furacão. O time da capital morou na área iguaçuana, onde o setor defensivo parecia sonâmbulo e errava muito, principalmente pelo lado esquerdo, onde o ponteiro Buião fazia um carnaval em cima do lateral esquerdo Santos. O quadro de Curitiba não fez mais gols por pura sorte do elenco iguaçuano.
Com a entrada dos atletas Rotta e Lourival no segundo tempo, mudou a postura do time do Iguaçu e, talvez por terem tomado uma bronca no vestiário, a boleirada acordou e equilibrou as ações. Com movimentações constantes e rápidas, Lourival fez dois gols. Também no segundo tempo o Atlético fez mais um gol e, destaca-se o aumento de produção do avante iguaçuano Jorginho após passar a atuar pelo miolo de ataque. Pode-se dizer que no mesmo jogo tivemos vitórias distintas: A primeira foi a vitória do Atlético por 03 a 00 na primeira metade. A segunda foi a vitória do Iguaçu por 02 a 01 na segunda etapa. O placar final ficou 04 a 02 para a equipe da capital paranaense.
Por ser uma torcida fanática e quente e, que acompanha o time do Clube Atlético Paranaense em todo o estado, tenha sido o principal ingrediente da rivalidade que começara a partir desta partida, tanto é, que em todos os enfretamentos futebolísticos entre Atlético e Iguaçu, sempre acontecem desfechos negativos como brigas e até óbito, como aconteceu no ano de 1976 em um confronto no Estádio Enéas Muniz de Queiroz.
Ficha técnica do prélio:
A.A.Iguaçu 2 x 4 Clube Atlético Paranaense
Estádio do Ferroviário – 05/03/1972
Árbitro – Eraldo Palmerine
Auxiliares: Orlando Antunes de Oliveira e Adalberto Ferreira
Renda – Cr$ 30.959,00 (recorde de renda)
A.A. Iguaçu
Jorge, Bugrão, Nire, Zé Mário, Santos, Dito Cola, Índio (Rotta), Jorginho, Joaquim, Kide e Duda (Lourival).
Clube Atlético Paranaense
Picasso, Cláudio Deodato, Di, Alfredo, Júlio, Sérgio Lopes, Valtinho (Lori- Mazolinha), Buião, Sicupira, Tião Quelé e Nilson.
Anormalidade: Em um jogada dividida com Joaquim, o meia cancha Lori que entrara no lugar de Valtinho sofreu uma fratura no perônio.