Tudo começou em um bar, quando os amigos e repórteres esportivos Alfredo Alberto e Lamartine Augusto molhavam a palavra e ponderavam sobre a hegemonia do futebol em Porto União da Vitória e Pato Branco no sudoeste paranaense. Alfredo Alberto defendia que o futebol do Vale do Iguaçu era superior, enquanto Lamartine Augusto cravava a superioridade do futebol patobranquense. Diante das acirradas discussões à forte odor etílico, a aposta foi feita e a contenda seria atada.
Além da discussão dos bairristas, na década de 1960 havia uma forte rivalidade entre as Ligas de futebol de Pato Branco e de União da Vitória. Ambas alegavam ser a mais organizada e deter as manhas do melhor futebol amador. Então, em 1967, com o apoio das duas Ligas e de parte da imprensa de Porto União da Vitória e Pato Branco, um tira teima foi acertado. Dois confrontos seriam realizados entre os escretes, peleariam uma em seu reduto e outra no palco contrário. Vale lembrar que o esquadrão da L.E.S.P. – Liga Esportiva do Sudoeste Paranaense era tido como a dono do balão de couro da região sudoeste do Paraná, pelo show de futebol que apresentava, ainda mais, por ter imposto revés em várias agremiações de gabarito conhecido.
Embora o combinado da L.E.R.I. – Liga Esportiva Regional Iguaçu representasse os amantes do ludopédio das cidades de Porto União e União da Vitória, devido às rusgas e brigas entre dirigentes de alguns clubes e vários segmentos da imprensa, havia quem torcesse por um fracasso do onze das terras outrora contestadas.
Com o escrete convocado pelo educador e comentarista esportivo Isael Pastuch, os treinamentos coletivos foram iniciados, onde se dedicaram todos os escolhidos, pois criam que defendendo o “pebolismo” das agora cidades irmãs e região, teriam que mostrar poderio técnico, raça, fibra e se preciso fosse, sangue (canela ferida).
Conhecedor dos elencos dos melhores quadros, Pastuch convocou os seguintes craques:
União E.C.: Tatão; Cleomar da Silva Guérios (Cleo); Telmo Dorneles (Gaúcho) e José Roberto Aminger (Betinho).
Avahi F.C.: Alcir Teixeira (Sapo); João Antônio Farias Junior (Farias) e Douglas Francisco Chila.
São Bernardo F.C.: Odnir Bertolotte (Nenê); Valmor Grabovski (Salmora); Ariovaldo Rosa (Rosão); Geraldo da Cruz e Pedro Luiz Ferreira.
São Cristóvão: Roberto Nicolak; João Maria Pacassi e José Lourival Matozo (Lolo).
Ferroviário E.C.: Aguinaldo F. de Souza (Guina) e Luiz Jorge Côas.
Prélio de ida, em Pato Branco – 04/06/1967.
Já no sábado, dia 03, às 13 horas e 30 minutos selecionado da L.E.R.I. se deslocou até a cidade de Pato Branco – PR. Devido a grande expectativa do desafio, foram instalados auto falantes em diversos pontos estratégicos das cidades do Vale do Iguaçu para que os torcedores pudessem acompanhar a transmissão pelos narradores Alfredo Alberto e Leocádio Vieira pelas Rádios União e Colmeia, respectivamente.
A pugna foi disputada no Estádio do Internacional de Pato Branco e terminou em igualdade de condições, 3 a 3, onde a excelente assistência que se apinhou em todos os lados das quatro linhas, foi brindada com um verdadeiro espetáculo futebolístico, principalmente pela atuação do elenco da L.E.R.I. Destaques especiais para o beque Ariovaldo Rosa (Rosão) e para o ponta de lança João Antônio Farias Junior (Farias) que deram uma verdadeira lição de futebol.
Detalhes da porfia:
Embora tenha sofrido um tento já aos sete minutos, através o meia cancha Figueiredo, o escrete da L.E.R.I não se intimidou e empatou aos treze, através do golaço do extrema esquerdo Douglas Francisco Chila em um lance espetacular, quem viu diz que foi um tento digno do Estádio Mário Filho (Maracanã). Aos dezessete, Perboni, em um belo arremate de cabeça desempatava, colocando o selecionado do sudoeste paranaense novamente em vantagem, 2 a 1, sendo que o gramado escorregadio dificultou a ação do arqueiro Odnir Bertolotte (Nenê). Apresentando um futebol de primeira linha, o elenco das cidades irmãs chegou à igualdade, 2 a 2, aos vinte e cinco minutos, quando o centro médio Pedro Luiz Ferreira, do meio da rua, acertou um tirambaço e fez um coador da rede. Aos quarenta minutos, Cleomar da Silva Guérios (Cleo), que acabara adentrar ao tapete verde, na raça e na vontade fez o terceiro tento do esquadrão da LERI, entrou com bola e tudo. A primeira metade foi encerrada com o escore de 3 tentos a 2 para o selecionado das cidades irmãs.
Na etapa derradeira, os comandados de Isael Pastuch desfilaram dentro das quatro linhas, peleando um futebol com a peca no chão, rápido e insinuante. Percebendo que sua turma estava sendo levada de roldão, não vendo a cor da redonda, o comandante técnico do selecionado do sudoeste fez várias alterações em seu quadro e chegou ao empate através do ponteiro esquerdo Tezourinha. Mesmo tomando o tento de empate, o selecionado da L.E.R.I. não se abalou e continuou mandando no confronto, jogando um futebol de alto nível, contrariando os desacreditados nos nossos craques. De forma injusta, o placar final ficou em 03 a 03.
A seleção da L.E.S.P. começou atuando com: Geraldo, Pernambuco, Lauro, Beno, Santos, Figueiredo, Juquinha, Juvino, Machado, Perboni e Luizinho. Destacaram-se: Beno, Lauro, Perboni, Juquinha e Tezourinha.
Atuaram pela L.E.R.I.: Odnir Bertolotte (Nenê), Alcir Teixeira (Sapo), Telmo Dorneles (Gaúcho), Ariovaldo Rosa (Rosão), Amaro (Canhoto), Aguinaldo F. de Souza (Guina), Pedro Luiz Ferreira, Zani Dalton Farah, João Antônio Farias Junior (Farias), João Lourival Matozo (Lolo), Cleomar da Silva Guérios (Cleo) e Douglas Francisco Chila. Com Rosão e Chila acima da média, os demais atletas também se destacaram no cotejo.