Naqueles idos da década de 1970, quando Porto União da Vitória viveu a maior revolução esportiva com a fundação da primeira equipe de futebol profissional, cujo elenco tinha jogadores de grande gabarito, o que, diga-se de passagem, era um “problema bom” para qualquer treinador, pois podia fazer muitas alterações táticas na equipe e sempre manter a qualidade, tanto é que tivemos partidas antológicas no Estádio da Caixa D’água, principalmente com os considerados “grandes” da capital paranaense. Nos dias de treinamento coletivo, a disputa por uma vaga na equipe titular era uma verdadeira guerra e, antes deles, o aplicador de injeções da Farmácia Santa Terezinha, em Porto União, tinha bastante trabalho, pois a fila de atletas para tomar injeções de Thiaminose (vitamina B1 e C) e Energisan (energizante e reconstituinte) era grande. Além das substâncias mencionadas, que eram liberadas, também existiam aquelas que eram proibidas e viciantes, e que, à surdina, antes dos prélios, alguns boleiros faziam uso.
Após uma vitória no lendário Estádio da Caixa D’água, vários jogadores que moravam em uma república, voltavam para casa. Um destes, começou a passar mal no caminho e, quando chegou em casa desmaiou. Reanimado ele confessou que tinha tomado e era usuário de drogas ilícitas, inclusive mostrou certa quantidade em seu poder. Preocupados, os demais colegas passaram a aconselhá-lo na tentativa de dissuadi-lo de fazer uso de tal substância. Fizeram com que ele jogasse no vaso sanitário tudo o que tinha em seu poder.
Durante uma madrugada, devido a uma crise de abstinência, o boleiro, de posse de um machado, não se soube onde conseguiu, quebrou o vaso sanitário na ânsia de recuperar a droga que tinha ido, já há tempo, descarga abaixo. Não tendo outra opção, na madrugada ainda, os demais moradores da república acionaram o médico do clube que, após a aplicação de um tranquilizante acalmou os ânimos do jogador.
Tudo isso aconteceu e ficou em segredo, vindo a ser comentado anos mais tarde, quando os moradores daquela república já não faziam parte do elenco, até porque, naquele certame o esquadrão fez uma ótima campanha e, se vazasse tal comentário, com certeza, afetaria todo o elenco, bem como, a massa torcedora. Inclusive, usando o juramento hipocrático, o médico não deu ciência ao presidente linha dura, que não ficou a par do acontecido.