Os desportistas da velha guarda sabem que o nosso futebol amador era de alta qualidade técnica, e aliado a isso, as rivalidades entre as equipes eram ferrenhas. Em algumas situações os trabalhos de bastidores eram mais importantes do que o próprio embate dentro das quatro linhas.
Era mais uma final do campeonato das Cidades Irmãs da década de 1960, campeonato esse organizado pela LERI ( Liga Esportiva Regional Iguaçu). Os times chegaram na finalíssima em igualdades de condições, empatados em todos os quesitos, de acordo com o regulamento.
O Estádio da Lagoa Preta estava tomado, não só pelas torcidas adversárias, mas também por torcedores que gostavam de ver um jogo bem jogado, que era o que se esperava.
A partida foi bastante equilibrada, com chances de ambos os lados para abrirem o placar. Perto do final do segundo tempo, o centroavante do time da casa foi derrubado na entrada da grande área. O juiz não titubeou e inventou um pênalti. Foi a maior confusão. O time visitante alegava que o árbitro estava roubando e resolveu sair de campo. Após muita conversa resolveram voltar e deixar que a penalidade fosse batida. A bola já estava colocada na marca da cal quando o goleiro do time visitante usando a desculpa que ela estava muito próxima, contou onze passos, se aproximou do batedor e falou em voz baixa: Bata forte e faça o gol, eu não posso pegar. O batedor também respondeu em voz baixa: Vou bater fraco no teu canto direito para você defender, não posso fazer o gol.
Essa história era contada pelo desportista, jogador e amigo, Neilor Grabowski (in memoriam), conhecido pela alcunha de “Sabonete”. A única dica que ele dava sobre os dois times envolvidos é que eram o São Bernardo e Avahi. O São Bernardo foi campeão mas não através da cobrança da penalidade.
O árbitro, o goleiro e o batedor de pênalti nunca tiveram os seus nomes revelados, até para serem preservados, dizia o Sabonete. Os três estavam “comprados”.