Também tentando igualar o feito do Ferroviário E.C. que foi campeão da Taça Paraná, o União E.C. foi em busca de tal façanha no ano de 1966. Montou uma verdadeira seleção e se preparou de todas as maneiras possíveis para a competição.
Após sorteio na Federação Paranaense de Futebol, coube ao Vovô da cor encarnada (o União era a agremiação mais velha de Porto União da Vitória e jogava com camisas vermelhas) enfrentar logo no início do campeonato, o bom e famoso esquadrão do sudoeste paranaense, o União de Francisco Beltrão. Em prélios de ida e vinda, a primeira peleja foi em União da Vitória, no Estádio Antiocho Pereira.
O confronto pôde ser considerado como um verdadeiro espetáculo, tamanha era a qualidade dos atletas dos dois quadros e, tamanho foi o futebol jogado.
Possuindo um ataque com jogadores rápidos, o quadro visitante a todo instante estava fustigando o gol defendido pelo quarda-metas Bertolotte. E foi em uma dessas investidas, que o Bertolotte saiu no abafa, nos pés do ponteiro que entrava na diagonal. Nesse ínterim, o centroavante beltronense que também entrava em velocidade, chocou-se com o arqueiro e caiu em cima da perna do seu colega de ataque. Do choque, o ponteiro teve a sua perna quebrada com fratura exposta. Mesmo tendo uma baixa importante no seu onze titular, a equipe de Francisco Beltrão foi a vencedora desse embate pelo placar mínimo.
Como o cotejo de volta seria lá em Francisco Beltrão no próximo domingo, o arqueiro Bertolotte por conhecer a região do sudoeste paranaense, foi incumbido de viajar já na sexta-feira, para reservar acomodações para a delegação em Pato Branco, cidade próxima de Francisco Beltrão. Já estando em Pato Branco, o arqueiro encontrou um amigo que morava lá e, através de uma conversa perguntou ao amigo se ele iria junto até Francisco Beltrão, para visitar o atleta que tinha quebrado a perna no domingo anterior. O amigo dissuadiu o Bertolotte de fazer tal visita, dizendo que segundo comentários, ele estava jurado de morte. Ele era acusado de ter quebrado propositalmente a perna do jogador do time Beltronense.
No domingo durante o desafio, o arqueiro do Vovô sofreu as consequências do ocorrido no domingo anterior no Antiocho Pereira. Atrás da sua meta, uma imensidão de torcedores o ameaçavam, inclusive tinha um senhor de idade, que de posse de um revólver fazia ameaças quando a bola ia para a linha de fundo, colocava o revólver pelo buraco do alambrado e dizia: “Venha pegar a bola que eu quero te quebrar a perna com um tiro”. O goleiro não podia ir pegar a bola, ela era devolvida por um policial que se fazia presente.
Mesmo saindo na frente do placar e o goleiro Bertolotte pegando até sobra, a sua cidadela caiu no finalzinho da partida. Com o jogo empatado em 1 a 1 o árbitro encerrou a porfia. Por ter vencido em União da Vitória e empatado em casa, o time de Francisco Beltrão prosseguia na competição, enquanto o time de União da Vitória voltava para para seu reduto desclassificado.
Passados quase cinquenta anos, quando tirava férias em Itá-SC, o Bertolotte travou conhecimento com um senhor que também curtia férias por lá. Ao saber que seu novo amigo era de União da Vitória, aquele senhor falou do acontecido no ano de 1966, quando seu tio quebrou a perna em uma dividida com o goleiro em um jogo da Taça Paraná. Bertolotte se identificou como sendo aquele goleiro e, narrou todo o ocorrido para o novo amigo. Recebeu como resposta, que o atleta que tinha quebrado a perna, sempre disse para todos de Francisco Beltrão que o acontecido foi um acidente e que o goleiro não teve culpa de nada.