De início uma equipe formada somente por funcionários da Indústria Bernardo Stamm, cujo objetivo principal, era proporcionar lazer aos seus trabalhadores. Mas no decorrer desta longa trajetória, abriu as portas para craques que vieram integrar o elenco do alvinegro.
Mesmo tendo sido fundado em 04 de junho de 1946 a sua primeira diretoria foi constituída em 18 de junho de 1949, portanto, três anos após a sua fundação.
Comandado pelo seu presidente e fundador inesquecível, Bernardo Stamm, a equipe do São Bernardo marcou época, como um adversário que não vendia fácil as suas derrotas. De imensa torcida, principalmente dos familiares dos funcionários e moradores do bairro, o time da Lagoa Preta levava imensa massa torcedora quando jogava em outros campos das nossas cidades. Quando o embate era no Estádio Municipal de Porto União a festa era maior. Seus torcedores se aglomeravam no lado oposto das arquibancadas, no barranco, e com suas bandeiras tremulando durante todo o jogo faziam a festa. Em caso de vitória, quando retornavam para suas casas, a torcida voltava cantando fazendo um espetáculo à parte.
Uma das poucas vantagens que tinham os operários boleiros, era a de sair mais cedo do trabalho para treinar no Estádio do São Bernardo, conhecido como Lagoa Preta, devido ao barro preto que existia no local e estar situado na margem esquerda do Rio Iguaçu.
Com o terreno sendo doado pela Prefeitura Municipal de União da Vitória através do projeto do vereador Leoni Germano Schwartz, a posteriori, foram construídas as arquibancadas com madeiras oriundas da Indústria Bernardo Stamm. Embaixo das arquibancadas, além dos vestiários também foi instalada a sede da agremiação.
A sua inauguração foi no dia 07 de dezembro de 1952, onde a equipe do Jacaré enfrentou o América de Joinville-SC e venceu os catarinenses pelo placar de 5 a 3. Inclusive para essa partida utilizou dois atletas cedidos pelo Juventus Futebol Clube, João Colita Junior e Edgar Alves.
Um outro fato que pouca gente sabe é que o campo de jogo do Estádio do São Bernardo era o maior das nossas cidades. Posso dizer isso porque na década de 1960, para sanar uma dúvida decorrente de uma aposta, foi feita uma medição pelos dirigentes Nuche e Armando Sarti, dirigentes do União e Juventus, respectivamente. Sarti dizia que era o Estádio Municipal de Porto União. Já Nuche defendia que era o Estádio da Baixada (Antiocho Pereira). Nenhum dos dois, o maior campo de jogo era a Lagoa Preta. Pena que não existam mais os Estádios e nem os diretores para comprovar tal fato. O que posso afirmar é que atuei em todos eles e no Bernardo Stamm a gente corria e parecia que nunca chegaria na linha de fundo.
Entre tantos dirigentes podemos destacar: o seu fundador e presidente de honra Bernardo Stamm, Lothário Kroni (Bube), Ferdinando Pereira, Dorival Portes, Carlito Kroni, Ariosto Tavares e Orlando Bueno.
Quanto aos atletas, os que tinham de melhor qualidade técnica e raça em nossas cidades, passaram pelo escrete alvinegro, entre eles, podemos citar: Catita, Nine, Bertolotti, Salmoura, Canhoto, Humberto, Homero, Sabonete, Darci, Chila, Abilhôa, Betinho, Lolo, Sidney, Rosa, Mercedinho, Albari, Puti, Padeiro, Sauka, Arizinho e Raimundo.
Já entre os treinadores podemos destacar o Catita, João Maria Tavares, Chiquinho Peludo e Dinha.
Também fazendo justiça, merece ser sempre lembrado o Sr. Adelino, que além de massagista era pau para toda obra. Inclusive seus dois filhos, Darci e Dirceu fizeram parte do elenco.
Histórias que envolvem o Jacaré da Lagoa Preta
Contam que durante um campeonato da Liga Esportiva Regional Iguaçu (LERI) nos idos de 1960 a equipe da Sãomateuense veio de barca até o Estádio Bernardo Stamm. Jogou contra a equipe do São Bernardo e retornou novamente de barca pelo Rio Iguaçu até a cidade de São Mateus do Sul.
Que também na década de 1960 na partida entre São Bernardo e Avahi no Estádio Enéas Muniz de Queiroz, o zagueirão Salmoura da equipe do São Bernardo mordeu a orelha do atacante Farias do Avahi e, que os dois caíram dentro do túnel de acesso ao campo. Dizem também, que o Salmoura mordeu o atacante Côas, atacante do Ferroviário. O Homem era bom de dente.
Contam também que certa vez um cidadão com nome a zelar, durante um dia normal de semana, foi afogar o ganso em uma bocada perto do Estádio e deixou seu veículo dentro do campo. Funcionários da Madeireira Bernardo Stamm que estavam fazendo a manutenção do Estádio, só por sacanagem encheram de cimento o escapamento do carro. Imaginem o susto do fulano.
Esta quem conta sou eu. Após assistir um baita jogo entre a equipe do São Bernardo e uma equipe de outra cidade (não lembro o nome) os homens mais velhos, inclusive o meu pai, foram jogar “cachola” no meio do mato e eu fiquei de vigia caso a polícia chegasse. A polícia chegou de surpresa e não tive tempo de avisar. Foi aquela correria. Tudo se acertou quando um percentual do jogo foi repassado aos homens da lei. Nesta partida vi o jogador Canhoto fazer um golaço do meio da rua, deu um balão da lateral esquerda em frente das arquibancadas e acertou a gaveta do gol dos fundos.
Conquistas
Categoria de aspirantes
Tricampeão 1962, 1963 e 1964.
Categoria de titulares
Campeão invicto em 1960
Campeão em 1969
Campeão em 1972.
Atletas do título de 1960
Estes eram os atletas que faziam parte do elenco: Odnir Bertolotte, Italiano, Padeiro, Wilson Kowalowski, Chiquinho Fernandes, Ito Kowalowsky, Tarácio, Neuri Chemim, Wilson Miranda Martins, Pedrinho Sauchuk, Fiinho, Queijo, Aristides, Raul, entre outros.
O título de 1969
A equipe do Avahi foi campeã do primeiro turno. A equipe alvinegra do segundo. O campeão só foi conhecido no ano seguinte após a realização de quatro partidas:
Na primeira partida houve empate de 1 a 1 com gols de Padeiro (São Bernardo) e Farias (Avahi). Fechou o pau e vários jogadores foram expulsos.
A segunda partida foi vencida pela equipe da Lagoa Preta por 2 a 1.
Na terceira partida que poderia decidir a competição a equipe avaiana se reabilitou e venceu por 3 a 2.
Então, já no ano de 1970, foi realizada a partida que decidiu o campeonato, onde, o São Bernardo venceu e se sagrou campeão.
Já sexagenária, a equipe do São Bernardo Futebol Clube ainda tem uma diretoria constituída, que aos trancos e barrancos vai tentando manter o que restou do campo. Muitas perguntas e indagações ficaram no ar quando conversei com pessoas que se dizem torcedores e diretores do alvinegro, entre estas pessoas, há aquelas que não quiseram abrir a caixa preta e contar porque a equipe da Lagoa Preta chegou neste estágio. Não dá para entender que o atual patrimônio esteja nestas condições, principalmente, quando nossas cidades carecem de praças esportivas.
Agradecimento especial ao amigo Odnir Bertolotte (grande goleiro) que me ajudou nesta homenagem descrevendo fatos e me emprestando o seu acervo.
