Pela quinta rodada do paranaense de 1972, o amarelão da Vila Famosa recebeu em seus domínios o esquadrão do norte pioneiro paranaense, União de Bandeirantes. Com as arquibancadas do Campo do Ferroviário totalmente tomadas pela massa torcedora, como fez em todos os jogos anteriores, o Iguaçu iniciou o cotejo pressionando o seu oponente. E como aconteceu também em quatro dos cinco prélios anteriores, tomou o primeiro tento antes dos 10 minutos da primeira fase. Inicia a contenda pressionando e se descuida no setor defensivo, leva o gol e tem que correr atrás do prejuízo. Dessa vez, o time visitante abriu o placar já aos dois minutos através de um contra ataque, onde o ponta de lança Oro se aproveitou de uma falha clamorosa do zagueiro de área Edgar Lopes e abriu a contagem. Vendo que o miolo de zaga iguaçuana estava mal, principalmente Edgar Lopes que não conseguia reeditar suas boas atuações, o treinador do elenco nortista, De Sordi, orientou seus boleiros de frente para que atuassem em cima dos zagueiros de área do Iguaçu. E foi aos 29 minutos, quando o outro zagueiro de área iguaçuano, Zé Mário, que estava com a redonda dominada, tentou efetuar um lançamento para o ataque, foi infeliz e entregou a pelota de bandeja para o ponta de lança Brandão. Como Brandão tinha faro para o gol e, tendo ganho um presente daqueles, sem titubear, vislumbrou a jogada, entrou na grande área, driblou com um drible da vaca o guapo Jorge que saia da meta, e cruzou para Canhoto ampliar o marcador. Perdendo por dois a zero, somente aos 42 minutos, o treinador Paulo Alves sacou o zagueiro Edgar Lopes colocando em seu lugar Bugrão, que passou a atuar no lugar do lateral direito Reinaldo que foi deslocado para a zaga central.
Jogando em casa e correndo atrás do placar que lhe era adverso e com o apoio da torcida, o Amarelão – Pantera Azul Dourada – Áureo Cerúleo, fustigou o seu oponente até que aos 43 minutos, quando o meia atacante Kide sofre uma falta em cima da risca da grande área. Sua senhoria Wander Moreira, mediador do confronto, incontinente apita, assinalado a infração. Não tendo outra opção para a cobrança, pois a barragem humana era composta por oito homens, o avante iguaçuano Jorginho, foi de uma felicidade a toda prova e conseguiu bater com maestria encobrindo a barreira. De forma magistral, parecendo uma ave de rapina, o guapo Rosã voou e, de mão trocada espalmou a pelota que bate no travessão e cai nos pés do atacante Duda, que livre de marcação, não teve dificuldades e mandou a redonda para o fundo das redes diminuindo o placar para 2 a 1.
Para a segunda metade, pois vencia o cotejo, o União de Bandeirantes, seguindo orientações de De Sordi, veio fechadinho. O Iguaçu tentou de todas as maneiras o gol de empate, mas encontrou no sistema defensivo do adversário uma verdadeira muralha, principalmente por parte de gol quíper Rosã, que além da catimba passou a pegar até sombra garantindo a vitória para o quadro bandeirantino.
Nestas primeiras cinco pelejas, três coisas já são evidentes no quadro iguaçuano. Uma delas é o bom preparo físico dos jogadores. Não desistem nunca, correm os 90 minutos. A segunda é o vedetismo de alguns boleiros. Os torcedores e imprensa já estão começando a pegar no pé. Por último, o treinador Paulo Alves deve estar com problemas de visão ou não manja nada de futebol, pois não conseguiu ver até agora que a equipe tem tomado gols antes dos 10 minutos iniciais (Pinheiros aos 4 minutos, Café Cianorte aos 2 minutos, Maringá aos 10 minutos e União de Bandeirantes aos 2 minutos).
Ficha técnica da peleja:
Campeonato paranaense de 1972
Estádio do Ferroviário – 19/12/1971
Associação Atlética Iguaçu 1 x 2 União de Bandeirantes
Juiz – Wander Moreira
Auxiliares – Dirceu Marques e Geraldo Alves
Renda Cr$ 10.830,00
Associação Atlética Iguaçu
Jorge, Reinaldo, Edgar Lopes (Bugrão), Zé Mário, Santos, Índio, Dito Cola, Jorginho (Sidnei), Duda, Kide e Chila.
União de Bandeirantes
Rosã, Carlos Roberto, Renato, Geraldo, Serginho (Silvio), Toninho, China, Oro, Paulomares (Macalé), Brandão e Canhoto.
Nota de 1 a 5 para os atletas iguaçuanos segundo a imprensa esportiva de Porto União da Vitória:
Jorge – Não conseguiu fazer nenhuma defesa com segurança colocando a sua cidadela em constante perigo – nota 1.
Reinaldo – Enquanto atuou na lateral foi regular. Quando passou a atuar no miolo de zaga foi muito bem – nota 3.
Edgar Lopes – Teve uma péssima atuação. Falhou bisonhamente no primeiro gol – nota 1.
Zé Mário – Foi o melhor da zaga em que pese ter falhado no segundo gol – nota 4.
Santos – Jogou o feijão com arroz – nota 3.
Índio – Jogou muito. Criou, desarmou e lutou o jogo inteiro. Foi o melhor do time – nota 5.
Dito Cola – O de sempre, muita raça e feijão com arroz – nota 3.
Jorginho – Mentor do único gol. Atuação discreta – nota 3.
Duda – Fez o gol e nada mais, muita firula – nota 2.
Kide – Não apresentou nada de bom – nota 1.
Chila – Pouco acionado – nota 1.