ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA IGUAÇU E A DECISÃO DE 1991

ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA IGUAÇU E A DECISÃO DE 1991

Coisas da bola

Coisas da bola são relatos de fatos vividos por mim, histórias contadas por amigos e outros frutos da minha imaginação.

Qualquer semelhança será puro acaso.

“Jair da Silva Craque Kiko”

Com turno e returno em pontos corridos, quatorze equipes disputaram o Campeonato Paranaense da Segunda Divisão daquele ano de 1991. Na última rodada e na ponta da tabela, três equipes chegaram com chances de abiscoitar o título da competição. Associação Atlética Iguaçu com 36 pontos ganhos, União de Bandeirantes com 34 e Pato Branco com 33, participariam daquela rodada que ficaria marcada como a rodada do 2° título conquistado pela equipe de União da Vitória.

A semana que antecedeu os prélios decisivos foi marcada por muitas expectativas e incertezas, principalmente pelo lado dos jogadores iguaçuanos. Mesmo com treze vitórias e somente uma derrota na competição, a diretoria da Pantera Azul Dourada estava devendo o pagamento de oito “bichos” aos seus atletas. Em uma reunião entre os boleiros, no início da semana, ficou decidido que ninguém iria viajar até Bandeirantes e foi instalado o estado de greve e os treinamentos não foram realizados. Só iriam para o último jogo se recebessem as premiações atrasadas. Diante da postura de seus atletas e da repercussão na imprensa local, a diretoria se virou e conseguiu, na quinta-feira, o pagamento de 04 premiações, garantindo que na outra semana quitaria o restante do débito com todos os jogadores.

Após nova reunião, os atletas resolveram aceitar a proposta da diretoria e, já na sexta-feira fizeram um “rachão”, pois tinham ficado a semana toda sem treinar.

No sábado, a delegação iguaçuana rumou ao norte pioneiro paranaense, para o último compromisso e decisão do título daquela temporada frente ao União de Bandeirantes.

O prélio começou nervoso. Os principais atletas iguaçuanos sofreram marcação cerrada e eram parados na base da botinada. O clima era de uma hostilidade só, dentro e fora das quatro linhas, inclusive o pessoal da imprensa que se deslocou até Bandeirantes para transmitir o cotejo também sofreu, foi hostilizado e ameaçado pelos torcedores do time da casa.

No desenrolar do primeiro tempo o União abriu a contagem, mas, o Iguaçu mandando na partida, criara várias chances de gol e só não conseguiu o empate por detalhes.

Para a equipe do União, somente a vitória lhe garantiria o título e classificação para a primeira divisão, tanto é, que no intervalo, o “homem da mala preta” se fez presente no vestiário do Iguaçu. Foi mostrado ao presidente iguaçuano, uma caixa de sapato cheia de dinheiro. Seria o pagamento ao áureo cerúleo para entregar a partida que daria a classificação ao União, que poderia até ser campeão, dependendo do resultado do Pato Branco. O Iguaçu mesmo com a derrota já estaria com o segundo lugar garantido, o que já lhe tinha dado uma vaga na primeira divisão no ano seguinte.

Se o acerto foi feito entre presidente e o “Homem da Mala”, acho que teve que ser desfeito, depois do acontecido. Quem poderia esclarecer era o presidente iguaçuano, mas infelizmente ele já não está entre nós.

No meio da segunda etapa, através da cobrança de uma falta, o ponteiro direito Mica, que não estava sabendo do cambalacho proposto ao presidente, acertou um petardo e decretou o empate na contenda. Se o clima já era hostil, imaginem a pressão que foi até o final da partida. Mas o Iguaçu conseguiu manter o resultado e sagrou-se campeão do Campeonato Paranaense, desclassificou o União e classificou o Pato Branco que venceu na rodada.

Após o retorno até União da Vitória, os atletas foram recebidos com festa e desfilaram pelas ruas da cidade no caminhão do Corpo de Bombeiros, mas a alegria não era completa aos jogadores. Faltava aquilo que garante a sobrevivência no mundo de hoje, o dinheiro.

Sem receberem os atrasados e passando dificuldades para retornarem para suas cidades, os atletas foram até a prefeitura de União da Vitória e, após várias conversas com o prefeito municipal, conseguiram o dinheiro para as passagens de ônibus e puderam passar as festas de final de ano com seus familiares.

OBS: Como forma de agradecimento pela classificação, o Pato Branco acertou uma partida amistosa contra o Iguaçu. Vários jogadores iguaçuanos, que não sabiam da tentativa do “rolo” feito lá em Bandeirantes se recusaram a jogar.

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