Sem favorito nenhum, a grande decisão do 1° certame da Taça Paraná do ano de 1964 seria realizada no ano seguinte, mais precisamente no dia 10 de janeiro de 1965. Por ter sido batido no dia 03 de janeiro pelo escore mínimo, 01 a 00 no prélio de ida na cidade de Jacarezinho, o esquadrão da Estação, Ferroviário E.C., na contenda de volta precisaria triunfar nos 90 minutos e na prorrogação, para levantar o caneco como grande campeão do maior certame de futebol amador brasileiro. Mesmo tendo peleado bem, de igual para igual no revés sofrido fora de casa, a chama de ser campeão permaneceu acesa e, com certeza, nenhuma viva alma ficaria em casa no dia do cotejo de volta, todos rumariam para o Estádio da Caixa D’água.
Em uma primeira metade sem abertura da contagem, a massa torcedora que apinhava todas as dependências do estádio Enéas Muniz de Queiroz, que no transcorrer dos anos seria “lendário”, esperava ansiosa que o esquadrão do Ferroviário inaugurasse o marcador. Com os corações nas mãos, roendo unhas e gritando num incentivo total, somente no final da etapa derradeira os torcedores conseguiram soltar o grito de gol que estava entalado, quando o médio volante, Alcides Assunção, após um centro do ponteiro esquerdo Bepe Tusset que estava deslocado pela direita da sua linha ofensiva, de cabeça, derrubava a cidadela do quadro do Agroceres. Se a grande torcida ficou rouca de tanto gritar com o primeiro tento, logo em seguida quase ficou sem vós, pois Edelson Sloboda (Tanque Jipão) numa testada que mais parecia uma bomba, após um centro de Nilson Gilson Parise (Nico) da marginal esquerda ofensiva, quase da linha de fundo, como se fosse um passe açucarado, Jipão subiu no segundo andar e cabeceando com consciência, estufava as redes ampliando o placar par 02 a 00. Com o resultado do tempo regulamentar praticamente definido e faltando pouco tempo de combate, os esquadrões buscaram recuperar o fôlego para os trinta minutos de duelo numa prorrogação, que ficaria na história, principalmente por já ter um jogador jovem, predestinado à herói.
Como o excelente centroavante Nelson Paes (Nelsinho) tinha machucado o tornozelo e não reunia condições para o cotejo, o técnico do Ferroviário, Azamor Antônio de Almeida, em dúvida sobre quem mandaria à campo, consultou um jogador mais experiente, Aguinaldo F. Souza (Guina), que deu o aval, e então, Azamor lançou o jovem Luiz Jorge Côas, que vinha arrebentando nos treinamentos.
Já com destaque durante todo o tempo regulamentar, Luiz Jorge Côas, aos seis minutos da prorrogação, após uma tabelinha com o meia esquerda Nilson Gilson Parise (Nico), de fora da grande área, desferiu um tirambaço que teve como destino certo, o fundo das redes do arqueiro do quadro do norte pioneiro paranaense. Era o gol do título. O Ferroviário E.C. ficaria na história como o primeiro grande campeão da Taça Paraná de Futebol Amador.