Ao longo dos tempos, na áurea fase do futebol amador das cidades de Porto União e União da Vitória, várias equipes se destacaram e, uma delas, sem sombra de dúvidas foi o Ferroviário Esporte Clube. Foi o maior papa títulos da LERI (Liga Esportiva Regional Iguaçu) e conseguiu a maior façanha ao levantar o caneco no primeiro campeonato amador a nível estadual, a 1ª Taça Paraná no ano de 1964. Por ter em suas fileiras craques que marcaram época, até hoje, muitos são reverenciados. Partindo da premissa de que as pessoas devem ser homenageadas em vida, para que possam usufruir da alegria e satisfação de serem lembradas pelos seus feitos, escrevo sobre três craques, verdadeiros ícones do nosso futebol, que além de astros dentro das quatro linhas fazem parte da nossa sociedade como exemplo de pessoas de conduta ilibada.
Heitor Pinto – 15/05/1925
Em conversas com desportistas da velha guarda sobre os atletas que se destacaram pelo Ferroviário, uma quase unanimidade gira em torno de Heitor Pinto como um dos grandes jogadores do nosso futebol amador.
Nascido na localidade de Poço Preto, Heitor Pinto começou sua vida futebolística como jogador do Ferroviário Esporte Clube. Devido dificuldades na formação da equipe no início de sua fundação, o Ferroviário se filiou na Federação Paranaense e já se licenciou por dois anos, então, seus futuros atletas foram liberados para atuarem por outras equipes. Heitor Pinto nesses dois anos atuou pela equipe do São Bernardo onde foi vice-campeão por duas vezes. Decorrido esses dois anos de licenciamento, o Dr. Enéas Muniz de Queiroz, presidente na época, reativou a equipe e trouxe os seus ex-jogadores de volta. A partir dai o time da Vila virou colecionador de títulos. Tendo como destaque pelo seu lado esquerdo do ataque, onde o ponta de lança Heitor Pinto se sobressaia juntamente com o ponteiro esquerdo Cabrita, o pentacampeonato veio com naturalidade. O time jogava por música. Tinha como jogada principal o recuo do ponteiro Cabrita, que devido a sua habilidade era marcado em cima pelo lateral direito que o acompanhava. E nesse recuo do Cabrita, Heitor penetrava nas costas do lateral adversário e da linha de fundo fazia o cruzamento que sempre encontrava o centroavante rompedor Cará, livre, que arrematava para o fundo das redes. Para Heitor essa jogada era mortal.
Sendo canhoto por natureza, também sabia bater na pelota com a perna direita, facilidade essa, que sempre lhe dava vantagem sobre os adversários. Atuando sempre ofensivamente e com a cabeça erguida, tinha facilidades no fundamento principal no futebol que é o passe. Um outro fator era que por ter uma boa estatura, fazia uso da mesma ao ter uma boa visão periférica do campo de jogo. Também usava o recurso de esconder a bola nos pés, habilidade nata bem aproveitada, pois os adversários dificilmente lhe roubavam a bola.
Fez história e é um craque sempre lembrado por quem acompanhou o nosso futebol amador. É pai de duas mulheres e dois homens, os quais, também seguiram o caminho do pai e foram atletas do Ferroviário Esporte Clube.
Vale salientar, que naquele tempo a maioria dos jogadores do Ferroviário eram funcionários da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina e eram contratados para trabalhar e jogar. Tinham emprego, moradia e, muitas vezes eram auxiliados pelo clube na compra de medicamentos para seus familiares.
Nilson Gilson Parise – Nico Parise – 03/08/1933
Em março de 1955 foi trazido pelo Ferroviário como jogador de futebol. Jogava e trabalhava na ferrovia, no início como guarda freio e, no decorrer dos anos foi tendo ascensão e chegou no limite máximo de cargos permitidos na sua função. Como era jogador profissional teve que fazer um estágio de reversão de seis meses, o que era regulado por lei, para ter permissão de atuar pelo futebol amador. Nesse período só participava de partidas amistosas. Sua vinda para União da Vitória foi uma casualidade, pois quando retornava de São Paulo para ir visitar a sua mãe em Tangará-SC, encontrou o diretor do Ferroviário, Sr. Clodoveu Santana Mendes, seu amigo, que o convidou para vir trabalhar e jogar pelo Ferroviário, alegando que a equipe precisava um jogador de meio campo com as qualidades técnicas que ele possuía. Era um jogador polivalente, lançava com as duas pernas, marcava bem o adversário e sabia fazer gols. Tinha como característica especial a liderança dentro de campo. Era um jogador completo.
Além dos vários títulos ganhos na LERI – Liga Esportiva Regional Iguaçu, Nico Parisi, também fez parte da equipe que foi campeã estadual na primeira Taça Paraná no ano de 1964, inclusive foi o artilheiro do time com 05 gols. Sempre galgando degraus, após encerrar a carreira como jogador e se aposentar em 1988 como funcionário da Rede, foi roupeiro, treinador e presidente por oito anos, sem receber nenhum centavo em prova de agradecimento pelo que o Ferroviário fez por ele. Como treinador e presidente também foi várias vezes campeão. Quando foi presidente, cuidava do Estádio Enéas Muniz de Queiroz como se fosse seu, tamanho era o cuidado dispendido com as instalações, tanto é, que sempre recebia elogios dos adversários que vinham enfrentar a Associação Atlética Iguaçu.
Foi diretor da Associação Atlética Iguaçu e por 33 anos foi locutor esportivo pela Rádio Colmeia de Porto União.
Como atleta profissional defendeu equipes de Santa Catarina (Arabutã de Capinzal, Atlético de Joaçaba), do Paraná (Nacional de Rolândia) e equipes do interior do Estado de São Paulo.
Nasceu em Tangará em 03 de agosto de 1933. Adotou nossas cidades como terra Natal onde constituiu família e tem um filho e uma filha.
Aguinaldo F. de Souza – Guina – 05/08/1943
Tendo nascido na cidade de Ponta Grossa, veio morar nas cidades irmãs ainda pequeno. Piá ainda, começou a aparecer nos meios esportivos nos campinhos nas adjacências do campo do Ferroviário. Como mostrava habilidades com a bola, em 1959, foi convidado para atuar no time do Catarinense, time do centro da cidade, que disputaria o campeonato no Colégio São José. Atuou, o Catarinense foi campeão e o Aguinaldo foi o artilheiro da competição. Com o desmanche do time do Catarinense, Guina passou a atuar pelo juvenil do Ferroviário e logo em seguida foi alçado para a equipe dos aspirantes. Vendo que dificilmente conseguiria vaga de titular, devido a alta qualidade dos jogadores, aceitou o convite para atuar pelo Tamandaré que disputava o campeonato da LENC – Liga Esportiva do Norte Catarinense, onde ganhou a posição de titular. Tendo feito um ótimo campeonato, foi procurado pelos dirigentes do Ferroviário que lhe ofereceram certa quantia em dinheiro para voltasse a atuar pelo elenco da Vila. A princípio relutou, pois em sua posição, no meio de campo, existiam jogadores renomados, como Faísca e Nico e, Aguinaldo não queria ficar no banco de reservas, afinal, no Tamandaré era titular. Após ter a garantia de que seria titular aceitou o convite, só que passou a atuar pela ponta direita. Na primeira partida que conseguiu atuar na sua posição de origem, não perdeu mais o lugar e, a equipe foi vice-campeã quando perdeu na final para o Clube Atlético São Mateus no ano de 1962. Já no ano seguinte foram campeões, o que lhes garantiria a participação na primeira Taça Paraná, a qual também foram campeões. Viria a ser campeão novamente no ano de 1973, quando o nosso futebol amador já estava em segundo plano devido a formação da Associação Atlética Iguaçu.
Com um futebol de muita movimentação, toques rápidos, dribles desconcertantes e facilidade em efetuar lançamentos, tantos na curta e longa distância, além da sua visão de jogo e liderança dentro de campo, Guina também fez história.
Ao longo de sua carreira como atleta no futebol de nossas cidades, Guina, foi o atleta que mais vezes foi convocado para defender o selecionado da LERI – Liga Esportiva Regional Iguaçu.
Com trinta anos, quando passou a trabalhar na Rede, foi transferido para Capinzal-SC, com o firme propósito de parar de jogar futebol. Mas, após ser inquirido várias vezes para disputar a Taça Governador do Estado de Santa Catarina, defendeu profissionalmente a equipe do Arabutã de Capinzal. Também atuou nas equipes do futebol amador daquela região catarinense.
Por várias vezes recusou convites para atuar profissionalmente por equipes como, América de Joinville, Guarani de Ponta Grossa, Seleto de Paranaguá. Fez fez testes no Coritiba. Foi aprovado no primeiro treino, inclusive fez gol, mas tomou a decisão de não ficar.