HISTÓRIAS DO CRAQUE KIKO – 12 – AVAHI F.C. E A GRANDE ZEBRA.

HISTÓRIAS DO CRAQUE KIKO – 12 – AVAHI F.C. E A GRANDE ZEBRA.

Coisas da bola

Coisas da bola são relatos de fatos vividos por mim, histórias contadas por amigos e outros frutos da minha imaginação.

Qualquer semelhança será puro acaso.

“Jair da Silva Craque Kiko”

Em uma tarde fria do final da década de 1950, pelo certame da Liga Esportiva Regional Iguaçu, iam se enfrentar no campo da baixada unionense, Estádio Antioco Pereira, os quadros do Ferroviário E.C. e Avahi F.C. O esquadrão da rede ferroviária era um timaço, pois no seu onze peleavam craques do melhor naipe, onde se destacavam pelo lado esquerdo os jogadores Heitor Pinto e Ivo Lubachewski (Cabrita). O Avahi, correndo por fora, com atletas suspensos e outros machucados, já contava com um quase certo revés, somente triunfaria com ajuda dos deuses do ludopédio, tamanha a qualidade técnica do seu oponente.

Como sempre, no meio esportivo das cidades irmãs, na véspera dos prélios, os diretores das equipes costumavam se encontrar para jogar sinuca e cornetar no hoje extinto Bar do Isaltino, ali na Praça Hercílio Luz, em Porto União. A certa altura, já com a “mardita caninha” no lombo, o Sr. Wilkys Amazonas Correia, diretor do Avahi, desafiado e mexido em seus brios por um diretor do Ferroviário, apostou no triunfo avahiano, um valor que dava para comprar um fusqueta, o carro da época.

Antes da contenda, no vestiário junto com os boleiros do seu quadro, o diretor do Avahi contou para eles da aposta feita e, pediu que eles colocassem o coração na ponta chanca, pois em caso de vitória dividira o prêmio com eles.

Diante da campanha não muito boa que vinham fazendo e, porque o esquadrão do Ferroviário ultimamente estava ganhando tudo o que disputava, temendo levar um vareio de bola, alguns jogadores “pipoqueiros” do tricolor avahiano não apareceram para o duelo. O Avahi só estava com dez atletas para a partida, sendo alguns pertencentes ao elenco de aspirantes. E agora! Nesse ínterim, entre o fardamento dos atletas e início do cotejo,  apareceu no vestiário um jovem chamado Stringuini, que era reserva dos aspirantes. Forçaram o jovem a se fardar para completar o seu onze. Segundo contam, jovem chorou no vestiário, estava se “cagando” e chegou a frear a cueca de medo, pois o Ferroviário era uma máquina, mas entrou para atuar pela extrema esquerda.

Começado o cotejo, logo de cara, o Avahi levou o tento de cabeça consignado por Sidnei Cândido da Silva (Cará), após um centro de Ivo Lubachweski (Cabrita) depois de belíssima jogada de Heitor Pinto. O confronto transcorria dentro do esperado,  até quando mais ou menos na metade do segundo tempo, o becão do Ferroviário, Gervásio Antonio de Carvalho foi atrasar a redonda para o seu arqueiro. Esperto no lance, o atacante avahiano Neviton Dalmagro, que era velocista, rapidamente se antecipou do guarda-metas e empatou a peleja. Não acreditando no que estava acontecendo o quadro do Ferroviário se lançou todo para sua vanguarda e, numa dividida, a bola sobrou para o asa médio esquerdo avahiano Jonas Miguel Rosa Godinho, que vendo os beques contrários avançados, lançou a pelota no costado deles. Novamente Neviton Dalmagro, muito lépido, saiu numa correria em contra- ataque e fez o tento que deu a vitória para o Avahi. O inacreditável tinha acontecido, triunfou o Avahi F.C., de virada.

Após o prélio, houve um pouco de “peitada” entre alguns boleiros contrários, mas reflexo de bronca antiga, que não deu em nada. Temendo uma confusão maior, já sob a ponte Machado da Costa, os avahianos trocavam de roupas, pois se houvesse pauleira, com um passo estariam em Porto União e a dona “justa” do Paraná não poderia prendê-los no lado catarinense.

Imaginem o tamanho do porre pós-jogo.

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