UM POUCO DA HISTÓRIA DO BAGRE – FEZ E CONTINUA FAZENDO A DIFERENÇA

UM POUCO DA HISTÓRIA DO BAGRE – FEZ E CONTINUA FAZENDO A DIFERENÇA

Quem viu, viu e, aplaudiu. Quem não teve o privilégio de assisti-lo dentro dos tapetes verdes, poderá imaginar quem foi o craque Bagre ao ler esta pequena narrativa, pois se formos relatar de fio a pavio quem ele foi e o que representou para o esporte já naquela década de 1970, grande quantidade de páginas teriam que ser escritas.

Liso de bola e de difícil marcação, bom nadador que atravessava o Rio Iguaçu em braçadas rápidas e, nas competições ninguém conseguia superá-lo, justamente na época da puberdade quando a som da voz começava a mudar e os primeiros pelos começavam a nascer acima do beiço superior, dando o ar da graça, prenunciando o vasto bigode que anos mais tarde teria, Vilmar de Araújo Lopes, criado pelas bandas do Campo do Pé Sujo e da Lagoa Preta, Campo do São Bernardo, facilmente ganhou a alcunha de Bagre, apelido esse, dado pelos meninos companheiros das pelejas.

Além das peladas pelos campinhos existentes naquela época, onde o time do Curintinha dirigido pelo Bixeque Aramis Fernandes era um celeiro de craques, ainda na fase áurea do futebol amador das cidades irmãs, Vilmar Bagre começava a atuar dentro dos palcos verdes oficiais fazendo parte do esquadrão dente de leite do São Bernardo F.C., comandado pelo saudoso desportista João Sandu, que com olho clínico trouxe o Bagre para fazer parte do seu elenco.

Entre tantos prélios futebolísticos em que atuou, até porque, devido a sua qualidade técnica era muito requisitado, também, na vida profissional, onde o ganha pão teria que ser trazido para a morada, já com 15 anos, lá pelos idos de 1971, começou a trabalhar na Madeireira Bernardo Stamm, que levava o nome do seu proprietário, famoso desportista que ficou na história como uma pessoa que fez muito pela sociedade e pelo esporte de Porto União da Vitória.

Nas terças e quintas-feiras, com a liberação para treinarem, às 17 horas, os funcionários da Madeireira se dirigiam ao Estádio Bernardo Stamm e lá, entre condicionamento físico e coletivos se preparavam para as competições, principalmente às patrocinadas pelo SESI de União da Vitória, comandado àquele tempo, pelo competentíssimo Orley do Rocio Maltauro. Em poucos treinos foi alçado ao onze titular se destacando muito e tendo o prazer em atuar ao lado de jogadores famosos, que juntos, tem até hoje seus nomes escritos nos anais da história do futebol amador deste rincão querido.

Corria o ano de 1976, procurando novos ares, e também por ser ótima pessoa e bom de bola, foi vender seus serviços à pujante empresa Dissenha, uma potente madeireira que empregava mais de 1000 colaboradores. Labutando no dia a dia com pessoas do bem e atuando dentro das quatro linhas com jogadores de alto quilate técnico, o seu futebol facilmente subiu de produção e o seu esquadrão sempre estava no topo da tabela, destacando-se o feito na conquista do Torneio em homenagem ao Dia do Trabalhador, 1° de maio.

A década de 1970 já estava por findar quando foi convidado para trabalhar na Auto Oficinas Carlos Romeu, que tinha um esquadrão muito respeitado nas competições sesianas. Mesmo tendo um elenco de primeira grandeza, um verdadeiro escrete, entre tantas contendas inesquecíveis, por quatro vezes chegaram à grande final para decidir com quem ficaria o centro máximo do certame. Por incrível que possa parecer, nos quatro prélios finais se defrontaram com a também verdadeira seleção, o esquadrão da empresa Bordin S.A. Indústria e Comércio e saíram de dentro do palco verde derrotados, mas Vilmar Araújo Lopes fora um dos destaques. Muitos diziam e dizem ainda hoje, que coisas extra futebol se fizeram presentes naqueles cotejos decisivos.

Um dos fatores que marcou o futebol das cidades irmãs neste saudoso tempo, foi a forte influência do SESI nessas competições esportivas, tanto a nível citadino, estadual e nacional, propiciando que os esquadrões das empresas locais disputassem certames fora das terras beira Rio Iguaçu.  Em dois desses certames, Vilmar Bagre foi convidado para pelear pela potente empresa Bordin S.A. Indústria e Comércio. No primeiro ano ficaram com o vice-campeonato. No ano seguinte tornaram-se campeões estaduais de futebol.

Com o poderio madeireiro indo embora e o grande entroncamento ferroviário começando a ficar obsoleto, principalmente pela inépcia por alguns políticos sem visão futurista, a grande e, uma das melhores ligas do futebol amador paranaense, L.E.R.I. – Liga Esportiva Regional Iguaçu já não tinha mais lastro financeiro para ter continuidade, até porque, também, com a criação do esquadrão profissional da Associação Atlética Iguaçu, o futebol amador acabou ficando em segundo plano. Ainda nos anos finais da L.E.R.I., com o advento da L.E.M.I – Liga Esportiva Municipal Iguaçu e a posteriori fundação da L.I.F.U.V. – Liga de Futebol de União da Vitória, Vilmar Bagre, mostrando sempre sua qualidade técnica, foi requisitado para defender os esquadrões como o Avahi F.C., Milionários E.C., São Bernardo F.C., Industrial, Vila Rica entre tantas outras.

Na vizinha cidade de Paula Freitas, jogando pelo Palmeiras da Rondinha, dirigido pelo Jeca Bueno, Vilmar Bagre fez e aconteceu. Também pelo esquadrão do Jarivá, sempre atuando muito bem, se já era famoso, com o jeito simples e educado no tratamento com as pessoas, angariou muitas amizades, sendo até hoje muito conhecido e reconhecido, não só pelo futebol, também, pelo fino trato com os semelhantes.

Como atleta profissional de futebol, por duas temporadas defendeu o Botafogo de Marcílio Dias-SC, onde ganhava por partidas. Todo dia de jogo um veículo era disponibilizado para buscá-lo e trazê-lo de volta após os prélios.

Pela Associação Atlética Iguaçu, Vilmar Bagre teve uma passagem relâmpago, participando de várias contendas amistosas. Sempre priorizando o sustento através do seu trabalho, saía mais cedo duas vezes por semana, às 17 horas, para realizar os treinamentos. Uma partida que ficou marcada em sua vida quando defendeu a Associação Atlética Iguaçu, foi contra o Tabu E.C., da cidade de Clevelândia-PR, onde num choque de cabeça foi parar desmaiado em um hospital.

Por ter perdido o pai quando tinha 4 anos e ser o filho mais velho, através do seu trabalho ajudava a sua mãe no sustento da casa e, mesmo tendo feito testes e ter sido aprovado para jogar profissionalmente no Colorado E.C., Esporte Clube Pinheiros e Clube Atlético Paranaense, todos da capital do Paraná, na época não foi, pois os Clubes pagavam somente o básico para os novos jogadores, como alojamento, alimentação, material de treinamento e duas passagens por mês para ir ver os familiares. Essa realidade fez com que desistisse da oportunidade de ser um grande jogador de futebol profissional.

Mesmo não tendo conseguido jogar profissionalmente, pelo lugares que passou e atuou deixou um legado muito positivo, principalmente as amizades e, até os dias de hoje, quando encontra alguém da velha guarda que o viu dar chutes na redonda, lembram com saudosismo de como Vilmar jogava bem, tendo uma característica do especial, de ser um exímio cobrador de penalidades máximas. Devido a essa qualidade, muitos times que defendeu em certames, tem em suas sedes os troféus conquistados.

Pela longa trajetória no futebol em nossas queridas cidades, que na realidade é uma só, Porto União da Vitória, Vilmar de Araújo Lopes, o nosso querido Bagre, atuou pela última vez em um certame, no ano de 2016, quando foi campeão de futebol sete no Campeonato do D.E.R., vencendo na grande finalíssima um forte esquadrão que tinha no seu elenco só boleiros renomados.

Vilmar Bagre é casado em uma feliz união com Marli Arlt Lopes e tem três filhas, Francieli Arlt Lopes, Josieli Arlt Lopes e Jucelaine Arlt Lopes. Também foi brindado pelo Papai do Céu com uma neta e três netos, todos maravilhosos, que lhe trazem muita alegria. É professor universitário com graduação e pós-graduação em diversas disciplinas. Professor no Senac também com graduação e pós-graduação em cursos técnicos. Presta serviços de consultorias, sendo também palestrante nas áreas de Gestão Empresarial, Capital Humano, Empreendedorismo e treinamentos In Company.

Sempre de bem com a vida, com ele não tem tempo quente. Diplomacia e muito respeito no trato com as pessoas é uma de suas principais caraterísticas. Pode-se afirmar com certeza que Vilmar Araújo Lopes, é um cidadão família. Gente da nossa terra, criado na beirada do Rio Iguaçu, bairrista, tem um carinho especial pela nossa gente de bem.

É por todos esses atributos que ele entrou para a galeria do site coisasdabola.com.br, como mais uma personalidade, dos que fizeram e fazem a diferença no nosso rincão chamado de Porto União da Vitória.

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