HISTÓRIAS DO CRAQUE KIKO – 22 – CAMPO DO CARACU E O CRAQUE CORINTHIANO TALES.

HISTÓRIAS DO CRAQUE KIKO – 22 – CAMPO DO CARACU E O CRAQUE CORINTHIANO TALES.

Coisas da bola

Coisas da bola são relatos de fatos vividos por mim, histórias contadas por amigos e outros frutos da minha imaginação.

Qualquer semelhança será puro acaso.

“Jair da Silva Craque Kiko”

CAMPO DO CARACU E O CRAQUE CORINTHIANO TALES.

Entre os famosos campinhos de futebol, o Campo do Caracu com certeza está na mente da piazada que morava na sua redondeza e vivia naquela época áurea, quando o futebol era o esporte mais difundido, até porque o escrete brasileiro fez com que a nossa nação ficasse conhecida mundialmente através das conquistas dos campeonatos mundiais de 1958 e 1962. Situado nos fundos da Igreja Luterana, onde hoje é o fórum de Porto União – SC, com um relevo que propiciava que os meninos mais inteligentes se sobressaíssem, porque no “Caracu”, a piazada tinha que inovar nas jogadas e dribles, pois no campo, totalmente inclinado numa clareira no meio da mata, a jogada mais fácil, feita pelos menos habilidosos, era o drible da vaca, que consistia em jogar a bola por cima e correr por baixo para pegá-la antes do adversário. Com troncos de árvores cortadas na mata foram feitas as traves, onde o travessão era assentado nos postes em forma de forquilha. Arames retirados da queima de pneus eram utilizados para as confecções das redes, sendo a maior alegria quando eram estufadas pelos chutes certeiros, dados em raras bolas de capotão número cinco, considerada oficial. O piá da redondeza que era dono da bola de capotão era muito paparicado pelos demais e tinha a regalia de jogar na posição e time que quisesse. Era tratado como rei.

Geralmente nas tardes após as aulas, depois de um par ou impar, os times eram escolhidos e o coro corria até a boca da noite, isso se o Maraca, mascador de fumo e morador ao lado do campo, deixasse a piazada jogar bola. Alegando que era dono do campo ele expulsava todo mundo de uma hora para outra, pois a inconstância de seu temperamento assustava todos os piás, até que um dia, o pai de um dos meninos enfrentou o dito Maraca e meteu medo nele, dizendo que ia lhe dar uma sumanta de laço e chamar a polícia se ele não deixasse os meninos jogarem bola, pois conhecia o verdadeiro dono do terreno e ele tinha autorizado. Livre do Maraca, que afinou e deixou de incomodar, ficava a expectativa e ansiedade se o dono da bola viria jogar porque, se ele não viesse, não havia jogo, pois a bola ele nunca emprestava.

Entre uma partida e outra, jogavam bola conosco os piás da família Bindemann. Um deles, o Hubert, que era torcedor roxo do Corinthians Paulista, conseguiu trazer para Porto União da Vitória o jogador Tales, que na semana em que ficou na cidade parecia uma galinha choca rodeada pela piazada que não dava folga, inclusive, muitos passaram a torcer pelo mosqueteiro paulista.

Texto publicado no livro Apócrifos da Biografia de Um Desconhecido, de autoria do Craque Kiko.

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